quarta-feira, 15 de junho de 2011

"A noite virou dia" - Chapter 10

Parecia mais um dia. Apenas uma sexta-feira. Daquelas frias e cinzentas que os ingleses estão tão acostumados, mas... Não era uma sexta-feira comum para uma certa garota; estudante de química industrial.
Vanessa Hudgens não era a melhor das moças da região. Era boa nos estudos, trabalhava decentemente e não reclamava da vida pacata que levava. Mas ultimamente, sua vidinha pacata e normal havia se tornado um tanto quanto turbulenta e medonha. Na semana anterior, Zac a tinha convidado para o jantar de ensaio do seu casamento.
Vanessa não queria ir. Ela não queria ir, não queria mesmo! A vontade que ela tinha por estar sendo obrigada a ir, era de rasgar uma almofada e depois morder alguém e depois berrar e berrar de raiva!
- Ninguém está lhe obrigando a ir ao jantar dele. -Madeline disse enquanto ela, Vanessa e Betsy conversavam na gráfica.
- Sim! Mas se eu não for, o Zac vai ficar muito chateado. Ou seja, eu não quero ir, mas vou ter de ir para não deixá-lo triste. Entendem? -ela rangeu os dentes. - Eu não quero ir!
- Ai garota, pare com isso! -Betsy disse. - Escute, você vai ao jantar do Zac, vai ser muito simpática com a bruaca e depois vai desejar toda felicidade que puder a eles. Certo?
Certo? Era muito simples falar. Super simples.
- Não é tão fácil quanto parece. -Vanessa comentou triste. - Não quero desejar felicidade à eles, Betz, não quero!
Madeline passou a mão pelos ombros da amiga, em sinal de conforto. Ela tinha toda razão. Não era nada agradável.
- Nós sabemos que você não quer ir ao jantar, mas você precisa ir, correto? -perguntou Madeline. Vanessa suspirou e afirmou com a cabeça. - Ok, vá ao ensaio. Divirta-se e não fique se achando triste demais para sorrir e curtir o momento.
- Isso. Você já tem o vestido? -perguntou Betsy.
- Sim, tenho. Mas gente... Vamos fazer o seguinte; eu fiquei doente... Estou gripada e não posso ir ao jantar... Por favor! -Vanessa implorava vendo Betsy e Madeline balançarem a cabeça achando aquela idéia muito idiota.
- Vanessa; cresça, pare e pense. -Madeline disse firme. - Você vai se esconder em casa por quê o Zac está se casando? Vocês se separaram, é muito triste. E você o ama, mais triste ainda. Mas o que você pode fazer? Nada! Absolutamente nada. Mesmo que seja dura e fria, esta é a verdade: ele encontrou uma outra pessoa que o faz bem. -terminou ela decidida.
Vanessa fungou e prendeu os cabelos.
- Pode ser cruel, mas ela tem razão. -Betsy disse receosa. Madeline sempre soube dar choques de realidade nas amigas nos piores momentos. E sempre dava certo.
- Sei que ela tem razão. -Vanessa disse. - Eu deveria estar no salão de beleza, fazendo minhas unhas e cabelos e tudo que tenho direito, mas não posso sair daqui.
Madeline bufou e Betsy riu.
- Se nós fizermos um penteado bonito, dá pra disfarçar seu cabelo. Suas unhas, você mesma pode fazer.
- Não sei fazer as unhas.
Madeline revirou os olhos e pegou a bolsa.
- Não arrume desculpas para não ir ao jantar. Você vai. Ponto final e exclamação. Preciso ir pra casa tenho muitos projetos pra terminar. Beijo, beijo, meninas. -ela disse e Vanessa e Betsy se despediram vendo Madeline sair da gráfica. Betsy se virou para a outra.
- Vou fazer suas unhas.
- Mas ein? -perguntou Vanessa sem entender, com a sobrancelha franzida.
- Vou fazer suas unhas, eu disse. -Betsy repetiu. - Vou comprar uns esmaltes aqui na lojinha de cabelos que tem ao lado. -ela piscou. - Sorte estarmos no centro!

Vanessa estava em casa. De frente ao espelho.
Estava horrorosa naquele vestido.
Seu cabelo estava um desastre.
Suas unhas estavam bonitas - Betsy havia caprichado.
Mas o resto, estava uma negação.
Como ela pretendia ir à um jantar de ensaio daquele jeito? Sem condições! Ela ainda tinha tempo de desistir?
- Anda Vanessa, se não nos apressarmos vamos nos atrasar. -Gary apareceu no quarto dela e parou para olhá-la. - Você está horrível.
Vanessa bufou, achando graça e suspirou, olhando o irmão. Ele sim estava bonito. Vestia uma camisa social branca e um paletó cinza. Uma calça também cinza e tênis. Tênis?
- Garetth, o que você pensa que está fazendo? Vai ao jantar de tênis?
Gary olhou para os próprios pés e sorriu.
- Esporte fino, sua anta. Eu não tenho sapatos sociais, então, vai meu tênis mesmo. -respondeu contente. - E você, por quê está tão formal?
O rapaz deu uma olhada no vestido longo que Vanessa vestia e nos sapatos. Ela estava muito esquisita.
- Hey baby, me deixa ver seu guarda roupas. -ele disse como se entendesse do assunto. - Vamos encontrar algo adequado para o jantar de ensaio de Zac Efron. Ele disse que não precisava ir tão formal assim, ein.
Vanessa sentou na cama e de repente, April entrou no quarto com um tipo de capa nas mãos.
- Vanessa meu amor, fique de pé. -ela disse instantaneamente. Gary parou de procurar por uma roupa e ficou observando o que April iria fazer.
- O que houve? -perguntou a garota confusa enquanto April a puxava pelo braço sem delicadeza.
A mulher tirou a capa dos braços e Vanessa pôde ver que havia um cabide. Deveria ser uma peça de roupa.
- Encontrei algo perfeito para você. -April disse sorridente. - Passei pela loja e parece que seu nome estava escrito na etiqueta.
Ela tirou a capa e mostrou um lindo sobretudo roxo. Não era um sobretudo mórbido. April ergueu a peça no ar e mediu, para ver se dava em Vanessa. A capa roxa chegava até três dedos antes do joelho, ou seja, não era um sobretudo mórbido. Vanessa olhou aquilo com os olhos brilhando. Era lindo!
- Deus, April! É lindo! -ela pegou o sobretudo e o vestiu. Estava perfeito.
- Sabia que você ia gostar. Sabe, eu achei adequado para o jantar, por quê Gary me disse que seria esporte fino, e esse não é um sobretudo feito para servir de agasalho. É um sobretudo feito para ser um tipo de blazer um pouco mais longo, não sei explicar. -April disse ajeitando a peça no corpo de Vanessa. - Você precisa encontrar um vestido que seja acima do joelho, para combinar com o sobretudo.
Gary se aproximou com um vestido preto em uma mão e um outro vestido azul claro na outra.
- Eu gostei desses. -ele estendeu um vestido tomara-que-caia preto para April, que analisou bem. O vestido parecia ter sido feito para o sobretudo roxo.
- Este aqui é ótimo. -April disse satisfeita.
- Mas April... Eu vou de preto e roxo ao jantar? Credo, vão pensar que estou agourando. -Vanessa disse amedrontada. Gary bufou e abanou o ar.
- Não vão não. Anda, vai se trocar.
- E depois desça, eu vou refazer esse cabelo e essa maquiagem. -April soltou uma exclamação engraçada. - Você estava querendo parecer um espantalho, Vanessa?
April disse e saiu do quarto, resmungando. Gary sorriu e guardou o vestido azul. Antes que ele pudesse dizer algo, April voltou e deixou em cima da cama de Vanessa, uma caixa de sapatos.
- E também encontrei estes. Bico fino perfeito. -ela deu uma piscadela e tornou a descer. Vanessa abriu a caixa e tirou de dentro um par de escarpim roxo.
- Ela fez questão de combinar. -Gary comentou e pegou um dos sapatos. Eram brilhantes, bonitos. - Quero saber quanto a April gastou nisso.
- Tanto faz. Sei que é tudo muito lindo e eu quero vestir logo. Antes que a gente se atrase. -ela disse expulsando Gary do quarto.

- Deixe-os soltos. -April dizia enquanto terminava de modelar o cabelo de Vanessa. - Não invente um penteado horroroso como aquele. Deixe-os soltos. O cabelo tem que ficar solto, sua teimosa!
Vanessa bufou e se olhou no espelho.
Era outra visão. Totalmente diferente daquela que ela havia tido há dez minutos. A roupa estava perfeita. O vestido curto tomara-que-caia preto, o sobretudo também curto roxo, os sapatos roxos. Até a maquiagem estava perfeita! April havia lhe dado uma corrente de prata que também era linda.
- Nossa. Eu estou uma gata! -ela exclamou sorridente. Gary sorriu.
- Está mesmo. Se não fosse a gente... -ele apontou para sí e para April. - ...você estava ferrada.
Vanessa sorriu e resolveu deixar os cabelos soltos.
- Tudo bem, Gary, vamos indo. -ela pegou a bolsa tira-colo preta que tinha e Gary pegou a chave do carro, mas foi parado por April.
- Nem pense que está tudo certo, ouviu Garetth? -ela exclamou. - Você ainda não me pagou pelo conserto da xerox!
O rapaz encolheu os ombros e saiu pela porta. Vanessa sorriu, enquanto entravam no carro.
- Que foi? -ele perguntou.
- Você quebrou a xerox. -ela soltou uma gargalhada. - Não consigo acreditar que um marmanjo como você quebrou a xerox umas cinco vezes!
Gary fechou a cara e deu a partida no carro.

- TOM CRUISE!
- ONDE?
Vanessa deu uma tapa na cabeça de Gary.
- Pedala Gary! -ela exclamou. - Tom Cruise não está aqui!
- Mas você disse!
Ela bufou.
- Eu quis dizer "cruz credo".
- Se você queria dizer "cruz credo", por quê disse "tom cruise"?
Vanessa revirou os olhos e suspirou. Eles ainda estavam dentro do carro, parados na frente do Krabster's.
- É que eu e as garotas, quando queremos dizer algo como "credo" ou "cruz credo", nós falamos "tom cruise" por quê uma vez, nosso formoso colega Jonathan Lewis ouviu Madeline berrar "cruz credo" e entendeu "cruise, quieto". -ela sorriu. - Lewis é tão idiota que pensou que fosse mesmo Tom Cruise.
Gary abriu a boca.
- E por quê você gritou 'Tom Cruise'?
- Sei lá. Por que estamos prestes a ver a noiva do Zac. Eu não queria sequer encontrar com ela. -Vanessa de cabeça baixa.
- Hey babaganuche, não fique triste. Você está um arraso, vamos descer e você vai cumprimentar a Alicia direito, cumprimentar o Zac e ficar na boa. -Gary desceu do carro e Vanessa fez o mesmo. Ele trancou as portas e guardou a chave no bolso.
Eles passaram pela porta do restaurante chiquérrérrimo e ele estava muito bem enfeitado. Havia milhares de rosas brancas no local. Rosas nas mesas. Buquês de rosas brancas nas mesas de canto, pétalas de rosas pela mesa. Era repleto de rosas brancas. Assim que eles entraram, a primeira coisa que viram foi muita gente. Havia realmente muita gente. Todos estavam incrivelmente bem vestidos. Pessoas elegantes. E havia vários rapazes de tênis, no mesmo estilo de Gary. Vanessa pensou que ela fosse a única a usar tons fortes no jantar, pois havia uma garota com um vestido rosa choque, outra garota com uma blusa branca e uma saia vermelha, e uma mulher com um vestido rosa com preto. Ela sorriu e passou os dedos pelos cabelos.
- Você vê alguém conhecido? -Gary perguntou passando os olhos pelo local novamente.
- Bem ali. -Vanessa apontou Marcos e Luan indo na direção deles, sorridentes. Gary sorriu e apertou a mão de Marcos e depois a de Luan.
- E aí cara! -ele exclamou.
- Firmeza, e contigo? -Marcos perguntou.
- Boa. -Gary respondeu e olhou para Luan. - Grande Santana.
- Fala Levine. -Luan disse sorrindo. Ele girou os olhos e os parou em Vanessa. - Vanessa.
- Luan. -ela disse beijando as bochechas do rapaz.
- Olá! Vanessa! -Marcos disse abrindo os braços e abraçando a garota, em seguida, beijando suas bochechas. Ela riu com a empolgação de Marcos.
- Olá Marcos. -respondeu.
- Você está linda. -ele disse simpático e Vanessa sorriu, agradecida.
- Obrigada! E você também. -falou ela, dando uma olhada no que Marcos vestia. Era praticamente a mesma coisa que todos os rapazes dali. Camisa social, paletó e tênis. Marcos usava um all star. Segundo Vanessa, era o all star mais sujo que ela já havia tido a oportunidade de ver. Marcos sorriu pomposo.
- Gratificante saber disso! -eles riram e Luan tirou as mãos dos bolsos.
- Vocês já falaram com o Zac e a Alicia? -ele perguntou. Vanessa sentiu uma pontada no fundo da alma(?) e tentou manter-se firme. Teria que falar com eles.
- Ainda não. Vamos esperar o resto do pessoal chegar. -Gary disse.
- Ah não, eles já chegaram. -Luan disse. - Está falando de Icaro, Keith, Amy e Selena?
- Sim, eles. -Gary respondeu.
- Então já estão aqui. Eles estão conversando com os dois, se quiserem... -Marcos disse.
- E por quê vocês não estão lá? -Vanessa perguntou.
- Por quê nós viemos ver se uns amigos nossos haviam chegado. -Luan explicou. - Mas então. Marcos leva vocês lá.
- Sigam minhas mãos! -Marcos disse animado, levando Gary e Vanessa. O local era imenso. Havia uma mesa enorme, onde três mulheres estavam sentadas. Devia ser a mesa dos noivos. Ela olhou para cima e viu que havia um primeiro andar, mas que não era tão grande. Havia uma varanda enorme que dava para a igualmente enorme mesa.
- Ali. -Marcos apontou um grupo de pessoas conversando animadamente. Vanessa sentiu mais uma pontada ao reconhecer Keith e Amy. Todos estavam muito bonitos. - Vou voltar pra lá. Tchau, tchau pessoas.
- Tchau Marcos. -eles responderam e Gary apressou o passo.
- Meus fãs, eu chegueeeei! Yeah, muito obrigado! -Gary disse com os braços abertos. Amy, Selena, Keith, Icaro, Zac e a moça absurdamente bonita que estava ao seu lado - deveria ser Alicia - viraram para olhá-lo. Instantaneamente, eles exclamaram "Gary!" e foram, um por um, abraçar o escandaloso que havia se pronunciado. Vanessa ficou um pouco afastada, olhando a cena sem poder deixar de sorrir.
- Vanessa? -perguntou Amy Heathewell, sua grande amiga.
- Amy! Que bom te ver! -Vanessa exclamou alegre. Amy abriu a boca e foi abraçá-la.
- Querida, você está um arraso! -ela passou os olhos pela roupa de Vanessa e sorriu. - Esse sobretudo roxo é o que há, onde você comprou?
- Nem sei, foi April. -Vanessa disse sincera e Amy deu de ombros.
- Você está um tanto quanto roxa hoje! -ela disse e Vanessa sorriu.
- E você está muito verde hoje! -devolveu olhando o vestidinho verde de Amy, que sorriu, jogando os cabelos, numa pose altamente perua.
- Obrigada amiga. -elas riram e Selena se aproximou.
- Vanessazusca! -e a abraçou. - Que modelito fabuloso é esse, garota?
Vanessa sorriu.
- April me arranjou um mundo roxo. -ela disse e as garotas riram. - Você está perfeita hoje babaganuche.
Selena sorriu e deu um tapinha nos cabelos.
- Sabe né? Tem que ser.
Elas riram mais e Vanessa as chamou mais pra perto.
- E a bruaca? -ela sussurrou, quase um suspiro. - Digo, a noiva do Zac.
Selena e Amy se entreolharam.
- Ela é muito bonita, é simpática, muito gente boa, não empacou com a gente em nada. -Amy disse. Vanessa suspirou.
- Ela é legal?
- Uou! -Selena exclamou. - Muito. Ela é ótima! -a garota parou por um instante. - Claro... Digo, ela é muito legal. Não vejo motivos pra você não tratá-la bem. Ela está louca pra te conhecer.
Vanessa balançou a cabeça afirmativamente e ia dizer algo mais, quando Icaro Werther exclamou:
- Saia da toca moça, deixe-me ver você.
Vanessa girou os olhos e as amigas riram, deixando Vanessa passar e ir cumprimentar Icaro.
- Tudo bem, coração? -ele perguntou ainda abraçado à Vanessa. Ela e Icaro sempre foram ótimos confidentes.
- Tudo ótimo, pulmão. -ela disse e Icaro riu.
- Eu tinha esquecido dessa, juro! Não fiz de propósito! -ele a largou e começou a rir.
Quando eles tinham uns 15, 16 anos, se cumprimentavam muitas vezes assim. Coração e pulmão.
- Oi gata, como vai? Quer dar uma volta e ver se esqueceu seu sapatinho na minha casa? -Keith disse com seu ar de canalha, indo abraçá-la. Vanessa lhe deu uma tapa no braço e o abraçou, sorrindo.
- Prefiro ficar aqui, obrigada. -ela disse e eles riram. - Que lugar bonito. -ela disse olhando ao redor.
- Né?! -Amy concordou.
Vanessa sabia que Zac estava esperando que ela fosse falar com ele, mas ela não ia fazer isso. Não queria ser simpática com a noiva dele, não queria falar com ele. Estava ali pela consideração que tinha por ele, não por quê apoiava o casal e queria que eles fossem felizes. Ela olhou algumas vezes - de esguelha - para ele e viu que em instantes, ele dava uma olhadinha nela.
- Você não vem falar comigo, Vanessa? -ela ouviu uma voz e rapidamente reconheceu. Fechou os olhos com força. Por quê estava sentindo tanta raiva dele naquele momento? Virou-se, sorrindo forçadamente. Ela não queria que as pessoas pensassem que seu sorriso era verdadeiro; fez para perceberem que era falso.
- Olá Efron. -e o abraçou. Um abraço relâmpago. - Que decoração bonita. -sorriu falsamente outra vez. Zac percebeu a tensão na voz de Vanessa e suspirou, pondo as mãos nos bolsos.
- Er, obrigada. Mas foi a Alicia que planejou tudo. -ele disse. Vanessa sentiu mais uma pontinha de raiva ao ouvir aquele nome. Se não tivesse se esforçando para não ser transparente, já teria cerrado os dentes e fechado os punhos. - Por falar nela... - Zac disse. - Vou te apresentar.
Vanessa abaixou a cabeça indiferente e começou a pensar... 'Seja educada. Educadamente fria'.
Zac voltou com uma moça linda. Muito linda. E muito bem vestida. Ela tinha um rosto tão simpático que Vanessa até pensou em desistir de ser fria. Mas permaneceu forte.
- Bem... -Zac falou. - Vanessa, me deixe te apresentar Alicia. Alicia, esta é Vanessa.
Vanessa finalmente ergueu a cabeça e sorriu, o mais forçado que pôde.
- Olá Vanessa! -Alicia disse, beijando as bochechas de Vanessa. - Finalmente estou te conhecendo!
- Oi... -Vanessa deu uma olhada proposital de cima a baixo em Alicia, que a olhou permanecendo com seu sorriso. - ...Alicia.
A outra olhou para Zac esperando alguma atitude, vendo que Vanessa não ia dizer mais nada.
- Zac me fala muito de você. -Alicia tornou a dizer sorrindo.
- Verdade? -Vanessa riu irônica. - Acredita que ele não ia me falar de você?
Ela lançou um olhar mortal à Zac e suspirou. Na verdade, ela havia sido uma otária. Alicia não tinha nada a ver com sua raiva. A culpa não era dela. Era de Zac. Então, Vanessa tentou consertar, mas Alicia falou primeiro:
- Como assim? -ela perguntou sem entender, olhando de Vanessa para Zac - que olhava para Vanessa sem entender nada também.
- Ele nos encontrou e em vez de nos falar que estava noivo, como qualquer ser humano faria, ele não disse nada! Esperou que nós descobrissemos! -Vanessa exclamou dando um sorriso mais verdadeiro. Alicia sorriu e olhou Zac novamente.
- Por quê você não contou a eles, Zac?
O rapaz vacilou e coçou o olho. Vanessa sorriu satisfeita, vendo que o tinha colocado em uma saia justa. Se ele falasse que havia esquecido, ela não ia gostar. Se ele dissesse que não quis contar, ela ia achar pior ainda, e se ele dissesse que "tanto faria contar ou não", Alicia ia ficar muito chateada.
- Bem, eu achei que seria melhor se eu contasse depois. -Zac disse passando a mão pela nuca. Vanessa soltou uma risada, mais irônica do que a primeira.
- Bem, eu achei melhor se enganasse meus amigos, ele quis dizer. -ela disse imitando a voz dele. Alicia franziu a testa, achando tudo aquilo muito estranho. - Mas tudo bem, ele contou e eu estou aqui finalmente te conhecendo. -ela sorriu e Alicia voltou a sorrir, parecendo esquecer o assunto anterior. - A decoração ficou incrível.
- Você achou? -Alicia perguntou com as sobrancelhas arqueadas. - Zac não queria que eu pusesse flores, mas eu insisti.
- O Zac nunca quer nada. -Vanessa não podia perder as chances de detonar com Zac quando ela queria matá-lo! Estava gostando daquilo.
Alicia sorriu.
- Você se importa se eu fizer uma pergunta? -ela perguntou. Vanessa franziu a testa e negou.
- Não, pode perguntar.
- Eu amei seu sobretudo. Qual foi a loja que você o comprou? -Alicia perguntou em voz baixa. Vanessa sorriu e pôs a mão na boca.
- Minha querida, você vai me perdoar, mas eu não sei! Foi minha irmã que comprou, eu não sei qual a loja! -disse sincera.
- Que pena. Mas é muito bonito.
- Obrigada. -Vanessa disse. Alicia olhou pra Zac e disse:
- Zac e eu estávamos pensando em passar a lua de mel em Potugal, o que você acha? -ela perguntou. - Amy e Selena disseram que preferem Estados Unidos.
Mentira. Ela ia ter mesmo que responder àquela pergunta? Que tal na terra do nunca?
- Neverland parece uma ótima opção. -ela disse sorridente. Vanessa lançou outro olhar mortal a Zac e OLHE SÓ! Este foi correspondido. Ele a olhava com a mesma intensidade. A garota sorriu e abaixou a cabeça. - Portugal é melhor.
Alicia sorriu.
- Eu digo isso pra ele, mas ele não quer! -ela disse abraçando Zac. Vanessa apertou os olhos. Ela virou o olhar e viu Marcos e Luan tentando abrir um pacote de presente. Eles estavam roubando os presentes de Zac? Mas não havia presentes no jantar.
- Com licença, Alicia. -ela sorriu e Alicia balançou a cabeça. Vanessa deu as costas e suspirou, indo até Marcos e Luan.
Amy, Selena, Icaro, Keith e Gary - que assistiram toda a conversa boquiabertos - se aproximaram de Zac quando Alicia foi falar com sua mãe.
- Cara, o que foi isso? -Werther perguntou. Zac pôs as mãos na cintura, por dentro do paletó e sacudiu a cabeça negativamente.
- Não sei.
- A Vanessa foi super fria. -Keith disse.
- Não. Foi super mal-educada, isso sim. -Gary disse furioso. - Pode deixar, eu vou ter uma conversi...
- Não. Nada disso. Deixa ela descarregar a raiva dela. -Zac abaixou a cabeça e passou os dedos pela boca, pensativo.
Amy e Selena se entreolharam.
- Zac, ela não queria vir. -Selena disse. - Ela estava super desanimada.
- Ela veio obrigada? -ele perguntou. - Não, não. Eu a convidei naquele dia que fomos à sua casa! -ele disse para Gary.
- Eu sei cara. Mas você tinha que ver, ela estava horrível! Quando eu entrei no quarto pra chamá-la, ela estava horrorosa. -Gary disse fazendo caretas. Amy abafou uma risadinha.
- Mas ela está bem vestida. -Zac disse.
- Por sorte, April chegou em casa com aquele sobretudo roxo e os sapatos. Eu escolhi o vestido e a April arrumou o cabelo dela. Se não fosse a gente, ela iria vir terrivelmente feia. -Gary terminou e Zac viu Vanessa gargalhar ao lado de Marcos e Luan, que estavam com uma caixa embrulhada na mão. Por quê ela estava agindo daquele jeito? Ele olhou no relógio, tentando afastar aqueles pensamentos e viu que já eram oito horas.
- Por Deus, nós temos que fazer os brindes! -ele disse. - Vão sentar na mesa de vocês! Coloquei vocês bem na minha frente. -ele apontou uma mesa e foi correndo pra outro lado. Selena sorriu carinhosamente ao ver Zac correr.
- Que lindo gente, o Zac vai casar.
- Verdade. O Zac vai casar com outra. -Icaro disse recebendo uma palmada de Amy. - Que foi? Mas é outra mesmo. Eu cresci vendo ele e Vanessa juntos, agora, ele vai casar com outra? Pra mim é outra sim.
Amy deu de ombros e foram sentar.
Vanessa procurou pelos amigos ao ouvir um tilintar. Marcos e Luan foram sentar em uma mesa e ela foi sentar junto dos amigos. Todos os convidados sentaram e fixaram o olhar na mesa central, onde Zac, Alicia, os pais dela de um lado, e os pais dele - muito velhinhos - do outro.
- Bem... Acho que podemos começar os brindes. -Zac disse pegando uma taça. Ele arqueou as sobrancelhas e suspirou. - Uau. Casamento é uma pressão. -ele disse e todos os convidados riram. - Verdade! Você tem que pensar na cerimônia, na festa, na casa... Em tudo! Mas apesar dos pesares, eu estou feliz. -ele olhou para Alicia, que sorria. - Eu encontrei essa pessoa incrível, maravilhosa, linda... Que... Que vai lavar as minhas cuecas quando nos mudarmos. -mais risos por todo o local e Alicia fez uma careta. - Há muito tempo eu não amava alguém. Eu já tinha até perdido as esperanças, eu pensava que iria viver sozinho por todo o sempre. Pensava que seria meu carma. -ele parou e deu um longo suspiro. - Mas aí, eu fui à uma loja comprar CD virgem... Bendito dia que o Marcos me pediu aquela cópia de Final Fantasy! -Zac exclamou e todos gargalharam. - Valeu Marcos! -Marcos ergueu o polegar e sorriu. - E então... Conheci Alicia. Nossa. Foi instantaneo. Eu não tive tempo de pensar, já estava apaixonado por ela.
Ele a olhou, carinhosamente e Alicia suspirou sorridente e feliz. Feliz. Ela deveria estar muito feliz.
Bastava.
Vanessa levantou da mesa sem pensar duas vezes e saiu pelos fundos. As pessoas nem repararam, estavam muito ocupados ouvindo os dizeres de Zac. As palavras dele ainda ecoavam pelo salão. Ela não queria ouvir mais nada. A primeira coisa que pensou foi em matá-lo. Mas ao ouvir "há muito tempo eu não amava alguém", ela decidiu se matar. A partir desse momento, passou a prender as lágrimas.
Abriu uma porta e foi parar na rua. Não era bem uma rua, era um beco. Um beco dos esquisitos. Era iluminado, mas era estranho. Vanessa olhou de um lado para outro e não viu nada.
A sensação era horrível. Estava em um lugar que não queria estar, estava se sentindo péssima e queria arrancar todos os seus cabelos. A raiva de Zac aumentara cem vezes. As lágrimas corriam pelo seu rosto silenciosamente. Ela não sabia por quê estava reagindo daquele jeito, sabia muito bem que Zac ia casar, por quê não aceitava o fato simplesmente, como deveria? Daquele ponto, não podia mais ouvir nada que viesse de dentro do restaurante. De repente levou um susto ao sentir alguém puxar seu braço com força e fazê-la virar bruscamente. Era Zac.
- O que deu em você? Ficou maluca?! -ele perguntou furioso. Ele deve ter percebido que ela estava chorando, pois percorreu todo o caminho da lágrima com os olhos, que parou no queixo dela.
- Você está me machucando. -ela tentou dizer, mas Zac estava muito irritado.
- Você pirou garota? -perguntou ele.
- Me largue! -Vanessa pediu.
- Não vou largar coisa nenhuma. -ele disse com a voz baixa. - Você foi muito grossa com a Alicia.
- Não sou obrigada a ser simpática com ninguém.
- Mas não pode ser estúpida com todos! -ele exclamou. - Droga Vanessa, se você não queria vir, que não viesse!
Ele finalmente a largou. Vanessa massageou o braço e tentou impedir novas lágrimas de descerem, mas já era tarde.
- Não ia fazer falta, não é? -ela perguntou. Zac pôs as mãos na cintura e a encarou.
- Se você veio pra não falar direito com ninguém e bancar a poderosa, não. Não ia fazer falta. -ele fechou os olhos. - Te convidei por quê você é muito importante pra mim, Vanessa. E esse também é um momento muito importante pra mim, e eu iria ficar muito, mas muito triste se você não estivesse aqui. Iria ficar muito triste se nenhum de vocês viesse.
Vanessa soltou uma gargalhada irônica.
- Agora eu sou uma simples amiga, não é? -ela perguntou sentindo as lágrimas voltarem.
- Não, você é uma amiga que eu gosto muito, não é uma simples amiga. -Zac disse. Vanessa não conseguiu prender seus sentimentos por muito tempo.
Ela olhou para Zac e começou a chorar. Abertamente.
Zac desfranziu a testa e fez menção de se aproximar, mas Vanessa se afastou dele. Ela pôs a mão na boca e tentou fazer as lágrimas pararem de cair.
- Não chegue perto. -ela disse. - Não chegue perto!
Ele não sabia o que fazer. Não sabia o que dizer, não sabia de nada! E ela cada vez mais, sentia vontade de gritar. Queria gritar o mais alto que conseguisse, mas não era possível.
- Vanessa, o que aconteceu com você? -Zac perguntou sinceramente. Vanessa não queria. Não queria, mas estava com muita raiva dele.
- Não aconteceu nada, Zac, não aconteceu NADA! -ela berrou, já sem paciência. - Volte pra lá. Sua noiva deve estar lhe esperando. -ela disse com desdém.
Zac abaixou a cabeça e compreendeu o motivo da raiva de Vanessa.
- Você está bonita hoje. -ele disse simples.
Filho da mãe, Vanessa pensou. Como ele tinha coragem de zombar dela daquele jeito? Por que ele fazia isso?
- Eu odeio você Zac, eu odeio! -ela exclamou. - Eu odeio meus pais. Se eles não tivessem me deixado naquele orfanato idiota eu nunca ia saber que você existe, NUNCA! -ela começou a falar coisas sem sentido, até. - Não me arrependo de nada, mas se eu pudesse me arrepender e voltar, eu não teria aceitado seu pedido àquele dia. Há muito, muito tempo atrás, não é mesmo? -ela perguntou tristemente. - Não foi isso o que você disse? Que não amava ninguém há muito tempo? DECEPÇÃO! Essa é a palavra, Zac. -ela enxugou os olhos e foi andando para a saída do beco, que dava para a rua. Sim, pois se era o beco do restaurante, tinha que dar para a rua. Zac estapeou a testa e tentou ir atrás dela. Não ia dizer nada. Ela tinha que falar tudo o que queria.
- Pra onde você vai? -ele perguntou.
- PRO INFERNO! -ela berrou e sumiu, assim que saiu do beco.
Zac chutou uma lata de lixo que estava por ali e fechou os olhos com força. Ela não tinha razão. Ela não tinha, mas precisava pensar que tinha.
Ele estava casando. Ele ia casar com Alicia e gostava dela. E ela também gostava dele. Mas Vanessa... Vanessa era aquilo que ele sentia desde os seis anos de idade. Vanessa era quem ele havia passado a vida amando e que jurou amar pra sempre, mas... Havia uma diferença entre Vanessa e Alicia.
Alicia era quem ele havia conhecido e quem havia cuidado dele por dois anos. Quem havia o apoiando no pior momento de todos. E ele gostava dela.
Vanessa... Ah, Vanessa era apenas uma pra ele. Não havia mais ninguém quando ele estava com ela. Ela era seus sentimentos. Sim, por quê ele não a amava. Ele a sentia. Ele não conseguia mais amá-la, era demais! Ele queria mais, e mais, e mais. E achava que amor era muito pouco para o que ele sentia. À noite, ele costumava sentir um vazio. Um aperto no peito. Zac sabia o que era. Era a ausência dela.
Ministério do Zac adverte: Ficar muito tempo sem Vanessa causa problemas sérios de depressão.
Era exatamente assim que ele se sentia. Muito mal. De certa forma, ele não sabia o que pensar. Não podia terminar com Alicia. Ele não podia fazer uma coisa dessas. Ele não podia cancelar o casamento.
A única coisa que ele podia fazer era ouvir Vanessa xingá-lo e vê-la chorar sem poder fazer nada. Embora ele quisesse abraçá-la, confortá-la ampará-la e estar lá sempre. Embora ele quisesse amá-la como sempre havia amado, ele só podia olhar e se castigar, pois a culpa de tudo isso - ele tinha que admitir - era dele.
Não que Zac estivesse arrependido de estar com Alicia, de maneira nenhuma.
Mas o que ele sentia por Vanessa ultrapassava tudo o que ele sentia e poderia um dia sentir por Alicia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário