quinta-feira, 16 de junho de 2011

"A year without rain" - Chapter 2

Um tanto bom quanto belo garoto, com meros dezessete anos, branco, os olhos azuis refletiam mais brilhantes com qualquer luz que lhe dava algum contraste, cabelos cor de caramelo lisos e um nariz perfeitamente criado que chegava a chamar atenção. Ah, mas... Nunca saiu uma palavra do conjunto de seus dois lábios.
Vanessa sempre fora considerada desde o primário, aquela garota mais bela de sua classe, plausível a quem quer que a reconheça. Acostumada por fim, com todos os homens aos seus pés, porém nunca se deixando apaixonar. Primeiro sinal de fraqueza de uma mulher, ela dizia. Pois sabia que nenhum deles iria lhe retomar algum benefício, mas que evidente nunca iria deixar de viver ou ter alguém por essa razão. Admitia gostar de ter sempre alguém fazendo tudo que ela pede ou deseja.
De qualquer forma, a “fila” de Vanessa nunca parou de andar.
Cabelos longos e morenos, uma boca carnuda abaixo de olhos claros, em que nem mesmo ela sabia ao certo sua cor. Era verde, mas o contorno surpreendia ao se transformar em um azul celeste, magra, alta e esbelta. Desejável.
Zac ficou de dormir no quarto do irmão mais novo de Vanessa, Lucas.
Lucas o adorou, afinal... Não era de falar muito e “encher o saco”, bastava-lhe sua irmã.
Zac sempre estava em sua cama, escrevendo ou ouvindo músicas, lendo bons livros. Um dia, Vanessa passou no quarto olhando de relance e viu que ele lia Nietzsche. Ficou impressionada, por ainda existir homens inteligentes com uma mente tão aberta. Sempre educado, impressionava sempre a todos por não dar trabalho algum, mesmo não tendo recebido educação alguma, além do orfanato.
Vanessa nunca estava em casa, Zac a via da janela do quarto após avisar a mãe que iria para casa de sua amiga, e entrava em um carro com um homem mais velho.
Em um dia qualquer, céu nublado, iria chover talvez. Vivian pediu para que Vanessa subisse ao quarto, e avisasse a Zac que o jantar estava pronto. Ela entrou, ele olhou para ela e ela fez um gesto terrível com as mãos em direção a boca. Ele entendeu, rindo, pensando que ela deveria achar que ele é retardado. Ela ficou lá, sem entender, e andou franzindo as sobrancelhas, quando deixou um dos papeis dele cair. Ela se agachou para colocá-los no lugar, mas a sua curiosidade não a deixou em paz. Ela ficou tentada a ler. Havia o seguinte:
 “Fiquei sobranceiro a expor minha íntegra ventura, a quem eu mesmo não criava fantasias para chegar próximo de tamanho valor. Querido e admirável anjo a quem me resguardas, acordei e não o senti ao meu lado, onde fostes? Pois já se sucederam segundos, minutos e, por fim, passaram as intermináveis horas. Novamente me deixará só? Inconsciente, tomei um mergulho de minhas lágrimas. Não há luz, pois a que me era parte integral, se foi.” Vanessa nunca havia lido algo tão bonito e ao mesmo tempo... Triste. Estava quase derramando uma lágrima emocionada; quando sua mãe gritou: “Vanessa! Você não vai descer?” Ela levou um susto, e correu para descer as escadas, deixando o papel cair.
No dia seguinte, quando voltou da escola. Viu um possível bilhete em sua cabeceira. Era o poema de Zac, e havia escrito mais:
Não haverá problema algum em ficar com este, se realmente gostou, pequena curiosa. Nunca deixei ninguém os ler, foi um descuido meu, só peço que não espalhe ou use para outros fins. Guarde-o, agora é de responsabilidade sua conservá-lo. Este outro fiz após ter estudado-a, espero não ter sido rude em tomar tamanha liberdade.
“Devo parar de acreditar nas pessoas. Devo? Dizem que a culpa está em minha “bondade”; Mas adianta ser bom diante do mundo em que nos apresentam? Lêem-nos como bobinhos.”
Só espero que algum dia dê-me a chance de merecer sua confiança. E assim, farei o possível para não decepcionar-lhe.

Vanessa não dormiu aquela noite... Passou-a inteiro em claro lendo sem parar, cada palavra, para não correr o risco de esquecer cada seguimento, guardou-o em uma caixinha, trancando-a e escondendo-a atrás de suas roupas, dentro de seu guarda-roupa. Ela nunca havia encontrado alguém que teria entendido-lhe tanto em tão pouco tempo, sem nem ao menos terem trocado qualquer conversa; se ela merecia sua confiança, faria o possível para ele merecer o mesmo. Afinal, Zac sabia que poderia confiar nela, mesmo informado –sem querer– do que ela dizia, em relação a “estranhos” em sua casa.
À tarde, ela saiu de seu quarto, e devagar se dirigiu ao do irmão, a porta estava aberta e ela tentou passar despercebida, mas ao mesmo tempo olhando para os lados; não havia ninguém, e então escutou a música da abertura do Balão mágico “Lindo Balão Azul” .E um barulho na cozinha. Era Zac.
Ela entrou devagar, apesar de não fazer muita diferença, deixando em cima da cama, onde Zac dormia, o seguinte bilhete:
“Não posso deixar de informar que me encontrei decepcionada por você não mostrar aos outros este trabalho lindíssimo. Poderia te deixar famoso, se permitisse. Hahaha. Mas não há preocupação, estará aqui guardado como se tivesse trancado no meu próprio coração.”

Vanessa voltou ao seu quarto, vasculhou um de seus LP’s até escolher “Abbey Road”- The Beatles.
Deitada na cama, os olhos fecharam-se e sem perceber, apagou por uns dez minutos, acordando assustada. Olhou para os lados e viu um papel debaixo de sua porta, ela correu para abrir, mas Zac já não estava lá.
“Sempre soube que você não era uma má pessoa, nunca errei em quem senti que poderia confiar, mas você, no momento que a vi, foi a índole mais forte que já me chamou a atenção antes. Você é uma garota especial, Vanessa. Faz isso, com medo de decepcionar-se e sofrer, mas me impressiona já que és uma garota que gosta de correr tantos riscos.”
Ela devolveu por debaixo da porta dele, outro:
“Venha visitar-me aqui, às 23h03min. Quando todos estiverem dormindo, quero vê-lo. Até parece que trocamos cartas por morarmos tão longe”

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