quarta-feira, 15 de junho de 2011

"A noite virou dia" - Chapter 11 _ Finish '

Zac suspirou e voltou para dentro do restaurante. Sua cabeça estava cheia. Dentro daquela recepção havia uma Alicia muito feliz por estar se casando com ele, do lado de fora havia uma Vanessa perdida, muito triste pelo mesmo casamento. Ele definitivamente não sabia o que fazer. Entrou e chamou Gary à um canto.
- Liga para a Vanessa. -disse. Gary franziu a testa sem entender.
- Pra quê?
- Ela saiu do restaurante... Está escuro lá fora... E... -Zac suspirou. Não teria como dizer que Vanessa havia saído com raiva dele. - Bom, ela discutiu comigo.
Gary soltou um assobio baixo.
- Xis da questão. Ela brigou com você e não comigo. -Gary deu umas tapinhas no ombro de Zac e sorriu. - Arregaça as mangas e sai pra procurar a donzela perdida, meu amigo.
Zac fechou os olhos e coçou a testa.
- Mas eu não posso sair daqui, Levine. Esqueceu que quem está casando sou eu? -Zac perguntou. - Vai ser lindo se eu sair daqui pra procurar uma garota.
Gary soltou outro assobio baixo seguido de uma gargalhada.
- Zac, cara... Ela não é uma garota. Ela é a Vanessa! Qual o seu problema? -Gary perguntou aborrecido. Zac revirou os olhos e se manteve calmo.
- Problema nenhum. -ele puxou o celular do bolso e discou, se afastando. Zac pôde perceber que Gary vinha atrás e virou para encarar o outro. - Ela não atende.
Zac passou as mãos nos cabelos e logo em seguida, pôs as mãos na cintura. Gary olhou para ele e percebeu a aflição do amigo.
- Ei cara, ela não deve ter ido muito longe. -disse pousando a mão no ombro dele. - Por quê vocês brigaram?
- Não brigamos. Eu fiquei calado. Ela que brigou comigo. -Zac disse. - Ela não concorda com o casamento. Acabou de deixar isso bem claro.
Gary bufou.
- Claro que ela não concorda Zac. Você acha mesmo que Vanessa não sente mais nada por você? -ele perguntou e gargalhou irônico. - Ela é uma moça muito bonita. Simpática e amável. Você tem noção de quantos garotos da faculdade, fora o assumido Jonathan Lewis, gostariam de ter algo com ela? -Gary pigarreou. - Claro, a Vanessa é dura, ela não deixa passar, mas... Ela gosta de você.
Zac abaixou a cabeça e suspirou. Vanessa fez questão de deixar clara a afirmação de Gary.
- Eu sei. -ele disse. - Eu também gosto muito muito muito dela, Gary. -Zac o olhou. - Mas eu não posso fazer nada. Eu não tenho peito suficiente para cancelar o casamento.
Gary abaixou o olhar e sacudiu os ombros.
- Você que sabe... -ele puxou o celular do bolso. - Eu vou ligar pra ela. -Gary discou o número e pôs o celular na orelha. - Se ela for singela o suficiente vai atender.
Zac concordou e Gary esperou que ela atendesse...
- Alô?! Vanessa? -ele sorriu para Zac, que respirou aliviado. - Onde você está?
Gary coçou a nuca e fixou o olhar nos pés de Zac.
- Volta pra cá. Deixe de suas frescu... Frescura sim! -Gary bradou. - Frescura! Okay Vanessa, você já me fez ficar com raiva. Fique aí, eu vou te encontrar. -Gary desligou o telefone.
- Onde ela está? -perguntou Zac.
- Na praça Joseph Turton. Eu preciso gritar com ela. Vanessa precisa aprender a ser menos idiota. -Gary revirou os olhos e Zac não disse mais nada.

Quero matar o Efron, Vanessa pensava sentada no banco daquela praça escura. E daí se ela podia ser assaltada? Não fazia questão disso.
- Sua tonta. -ela se virou e viu Gary sentando. - Quando você vai aprender a ser gente? Digo; Vanessa!!! Acorda!!!
Ela franziu a testa e tentou imaginar o que ele estava querendo com aquela conversa.
- Deixe de ser imbecil! -Gary exclamou. - O Zac vai casar, você não precisa ficar chorando perto dele para que ele perceba que você não concorda, ele já sabe disso!
- Espere um instante. -Vanessa indagou. - O que você pensa que está dizendo? Espere um instante... -ela sorriu. - Está mesmo me chamando de imbecil? Qual foi, Garetth? O que você quer com isso?
- Você o deixou confuso! -Gary bradou. - Você queria que o Zac cancelasse o casamento dele?!
Mas ein? Gary estava louco?
- Não Gary, eu apenas saí da recepção. -ela levantou e apontou o dedo para o irmão. - Ele veio atrás de mim, ele quis saber o que estava havendo. Eu não, entende? Se ele quiser casar com aquela riquinha azeda, ele case. Eu não tenho nada a ver, eu sou apenas uma amiga que ele cordialmente convidou para o casamento! Nada mais! -ela exclamou e foi andando para fora da praça. Gary levantou com um impulso e foi atrás.
- Você deixou clara a sua oposição ao casamento!
Vanessa virou bruscamente.
- Mas é claro! Você acha que eu quero ver o Zac beijando e abraçando a Alicia por aí? -Vanessa perdeu a expressão firme. Agora ela demonstrava uma tristeza estranha. - Eu não queria destruir o casamento dele, de maneira nenhuma. Eu nunca quis isso. Em momento algum!
Ela abaixou o olhar e suspirou.
- Eu não estou feliz em vê-lo se casar, Gary. -disse a garota tristonha. Gary puxou Vanessa para um abraço. Ele sabia o quanto aquilo tudo era doloroso para ela.
- Vamos voltar para o jantar. -ele pediu. Vanessa negou com a cabeça.
- Não quero voltar pra lá.
- Vanessa, você não pode evitá-los para sempre. Zac é nosso amigo, ele vai casar com ela. É claro que você vai vê-los sempre. Você não pode simplesmente se afastar. -Gary disse. Vanessa sabia disso. Também sabia que não estava pronta para ver Zac casado com outra.
- Eu não quero enfrentar essa situação. -ela confidenciou.
- Mas vai ter que enfrentar. -Gary disse. - Nós sabemos o quanto foi dificil para o Zac conciliar o reencontro de vocês com o casamento. Mas ele conseguiu! Felizmente ele virou a página. Digo, felizmente para ele. -Gary pigarreou. - E é isso que você deve fazer. Foi forte o que vocês tiveram e foi um grande aprendizado para os dois. Mas infelizmente passou. Zac está tentando seguir em frente, e você também deve seguir. -Gary disse ao ver a cara triste da irmã. - Portanto, nós vamos voltar pra lá e você vai ser simpática com eles. Vai pedir desculpas à Alicia e vai cumprimentar o Zac.
- Você não pode me pedir para não ter raiva dele. -a garota disse.
- Posso. -Gary rebateu. - Posso pedir para você se controlar.
Ele sorriu amigavelmente e apertou mais o abraço, beijando a testa de Vanessa.
- Vamos voltar. -disse. Ela concordou finalmente e eles voltaram para o jantar.

Eles entraram e procuraram pelos amigos, os encontraram em um instante. Werther apontou para eles animado, exclamando "estão ali!". Então ele, Amy, Selena, Keith e Zac foram até lá.
- Ô coração! Onde você estava? -perguntou Icaro.
- Pensando. -ela respondeu.
- Ficamos preocupados quando vocês sumiram. -Amy disse alisando o braço da amiga.
- Mas está tudo okay pessoal, eu só precisava respirar. -Vanessa disse sorrindo.
- E levar um choque de realidade ein? -Gary perguntou vendo a garota sorrir. Zac suspirou e levantou a cabeça para olhá-la pela primeira vez, porém não disse nada.
Vanessa o olhou como se fosse dizer algo também, mas não abriu a boca. Os outros se entreolharam e Selena se pronunciou:
- Vou pegar uns docinhos. Alguém quer?
- Eu! -disseram Amy, Keith, Icaro e Gary, saindo junto com Selena.
Vanessa cruzou os braços e passou os dedos pelos cabelos, vendo os amigos se afastarem.
- Você está okay? -ele perguntou. Vanessa balançou a cabeça respondendo à pergunta. A tensão entre eles era mais do que perceptível.
Zac suspirou antes de dizer mais alguma coisa.
- Eu quero muito te dizer umas coisas. -falou. - Mas antes eu preciso dizer à Alicia quer vou levar você em casa, por que você está com dor de cabeça, certo? -ele perguntou divertido.
- Você não prec... -Vanessa ia dizendo.
- Ops. Não se trata e você. Se trata de mim. -ele a interrompeu. - Não saia daqui. Por favor. -ele disse e saiu.
Vanessa andou um pouco por ali e esperou que Zac voltasse. Aquela situação não era a melhor. O rapaz voltou logo e ela avisou a Gary que ia embora.
- Entre. -Zac abriu a porta do carro para que ela pudesse entrar. A garota o fez. Ele deu a partida e foi guiando o carro por um caminho esquisito.
- Erm... Minha casa não vai por aqui. -Vanessa disse estranhando o caminho.
- Eu sei. Não se preocupe, não vou fazer nada com você. -ele acrescentou ao ver a cara espantada da garota.
Zac parou o carro em uma praça muito bem iluminada, mas não muito bem conhecida por Vanessa. Eles desceram e sentaram em um banco ali.
- Então. -Vanessa falou. Zac foi direto.
- Então... -ele fez uma pausa. - Eu não queria que você tivesse tanta raiva de mim. -ele começou. - Eu te procurei. Você precisa acreditar em mim, eu te procurei muito! E eu fi...
- Zac. -Vanessa o interrompeu. - Por favor, não me peça desculpas. Você não me deve desculpas. -ela suspirou.
Zac a estudava atentamente ouvindo todas as palavras dela.
- Você não me deve explicações e nem nada. -ela coçou o canto do nariz e continuou. - Você tem todo o direito de ser feliz com quem desejar. Eu tenho que entender isso. Você não está errado.
Ele abaixou o olhar e absorveu as informações. Agora sim ele não sabia o que dizer.
- Mas você disse hoje mais cedo que...
- O que eu disse? Ah, impulsivamente, você quer dizer. -ela sorriu. - Digamos que eu pensei alto demais.
Eles riram e ela levantou, abrindo os braços.
- Eu te desejo sorte, Zac. -ele entendeu e a abraçou. Aquele era um abraço muito estranho. Zac fechou os olhos e a abraçou sinceramente. Ele também pôde sentir o quanto Vanessa estava sendo verdadeira. - Eu quero que você seja muito feliz. -eles se separaram e Zac pôde ver algumas lágrimas percorrendo o rosto de Vanessa. Mas ela estava sorrindo! - Você e a Alicia serão muito felizes.
A emoção era muita por parte de ambos. Ele sorriu e passou o polegar em cima das lágrimas da garota, enxugando-as.
- Obrigado. Você também será muito feliz. -Zac disse.
Vanessa sorriu e parou para olhá-lo por uns instantes. Ela tinha esquecido de como era boa a sensação de pousar os olhos sobre ele e perceber mais uma vez o tamanho da importância que ele tinha na vida dela. Vanessa amava Zac. Amava muito. Duvidava que um dia fosse deixar de amar, mas se ele havia encontrado alguém tão boa pra ele como ela fora, que ele fosse feliz. Ela tudo o que ela desejava.
A garota se aproximou involuntáriamente e passou a mão pelos cabelos de Zac, que não se moveu. Ele fechou os olhos e sentiu Vanessa acariciar seu rosto. Ela ainda passava as mãos pelos cabelos dele levemente, quando Zac abriu os olhos e segurou o rosto dela com uma das mãos, encostando rápidamente suas bocas.
Vanessa fechou os olhos e deixou que sua mão despencasse da cabeça dele. Zac entrelaçou sua mão na dela carinhosamente e sentiu sua língua tocar a dela. Aquele parecia ser o melhor beijo. Os dois estavam sensibilizados, eles não queriam que aquele fosse o beijo mais intenso. Só precisavam que fosse o mais sincero.
Ela passou a acariciar os cabelos dele com as duas mãos, pousando os cotovelos no ombro de Zac. O garoto passava os dedos pelas costas dela, passando seu nariz de leve pelo dela. Zac beijou o canto da boca dela lentamente e foi chegando até a boca, beijando-a novamente em seguida. Ela ainda acariciava seus cabelos e ele puxou uma das mãos de Vanessa, separando-se dela.
Zac foi guiando-a até o carro, onde ele encaixou sua mão nos cabelos dela e a beijou. O que parecia ser o último beijo.
Eles entraram no carro e ele a levou para casa, voltando para o jantar em seguida.

- É amanhã. -dizia Gary enquanto levava Vanessa para a gráfica. Era uma sexta-feira e o casamento de Zac seria naquele sábado. Vanessa não estava muito contente com aquela idéia, mas teria que ir. Durante todo o caminho ela fechava os olhos e pensava voltar o tempo umas horas, para o exato momento em que os dois estavam na praça estranha.
- É. É amanhã. -ela concordou com um meio sorriso desanimado.
Gary a olhou e soltou um suspiro.
- Você vai, não vai? -ele perguntou cansado.
- Sim. -Vanessa respondeu simplesmente.
Eles passaram um tempo calados e ele a deixou na gráfica.
Vanessa passou praticamente o dia inteiro ouvindo músicas que ela não ouvia havia algum tempo, lendo umas revistas e livros antigos e só. Ninguém apareceu para cumprimentá-la e nem nada. Ela chegou a se sentir solitária e esquecida por causa disso, mas afastou esses pensamentos rapidamente.
Eram mais ou menos umas 5 PM quando o celular de Vanessa tocou. Ela foi relutante atender. Estava com muita preguiça.
- Alô.
- Vanessa? Ei babaganuche, vamos para a reunião de despedida do Zac. -era Gary. Ela revirou os olhos impaciente. Mas já não haviam acabado todas as reuniões de despedida.
- Outra? Meu Deus, esses dois estão querendo o quê? -ela perguntou. Gary deu uma risadinha e disse:
- Mas essa é interna. Só entre amigos.
- Não estou a fim de reunião nenhuma.
- Mas você vem. Estamos aqui na casa do Luan. É uma casa bem grande, você acha logo... -ele ia dizendo.
- Você acha que eu vou a pé? -Vanessa gargalhou. - Gary, poupe-me!
- Mas é pertinho trû, você chega em um segundo! Vai pela comercial... Depois você dobra a esquerda e tem uma casa de muro amarelo bem grande. Você chega aqui em dez minutos.
Vanessa riu.
- Trû, é? -perguntou ainda rindo. - Okay então, peixe. Eu vou ver o que faço por você.
Ela ouviu alguém dizer algo do outro lado e Gary falou:
- Marcos está dizendo que pode ir buscar você.
- Excelente! Que ele venha agora! -ela exclamou e desligou o telefone. Ia fechar a gráfica.
Mais uma festa para o casal 86. Que droga, aquilo. O que eles dois tinham de mais para ganhar tantas festas assim? Nada de mais oras! Eram dois patetas que iam casar, só isso!
Bem... O só isso do momento era o que Vanessa mais desejava. Ela arrumou as coisas e sentou no meio fio, com a gráfica fechada, para esperar Marcos. Em cinco minutos ele apareceu ali, sorridente.
- Vanessa-chan! -ele exclamou abrindo a porta pra ela. Vanessa entrou sorrindo.
- Marcos-kun! -ela disse. Marcos sorriu e pisou no acelerador do carro.
- Como vai? -perguntou o rapaz.
- Ótima, e você? -mentira. Ela não estava bem, era visivel.
- Hm... Com algumas dúvidas. -Marcos falou. - Escute, preciso de uma ajudinha sua.
Vanessa o olhou curiosa.
- Manda ver. -ela disse.
- Bem... -Marcos tossiu. - A Selena... Me fala dela.
Vanessa gargalhou e limpou a garganta.
- Você está interessado na Selena? -ela perguntou.
- Erm... Digamos que sim. -Marcos respondeu corando imediatamente.
- Já falou com ela? Digo, só ela pode falar tão bem dela mesma pra você.
- Já tentei! -Marcos exclamou. - Ela só me dá patada!
Vanessa riu alto. Era típico de Selena quando estava interessada em alguém.
- Okay Mion, vamos, vou ver em quê posso te ajudar. -ele estacionou o carro e eles desceram.
- Valeu Vanessa-chan! -ele agradeceu.
- Por nada, Marcos-kun! -ela exclamou eles entraram na casa de enorme muro amarelo, onde morava Luan.

Eles passaram alguns instantes conversando, comendo uma deliciosa torta feita pela mãe de Alicia e falando muito. Vanessa e Zac pareciam estar sendo evitados - um pelo outro. A garota não queria olhar para ele. E ele não queria olhá-la. Vanessa havia falado com Selena sobre Marcos, mas a moça riu e disse que Vanessa não parecia nada nada com Marcos, o que a mesma estranhou. Selena lhe mandara uma indireta, ou seja, Marcos deveria ter ido falar com ela pessoalmente. Vanessa disse isso ao rapaz, mas ele teve medo de apanhar, então os dois ficaram na estaca zero como todo aquele grupo.
- Quê isso gente, que festa desanimada. -retrucou Icaro. - Ânimo!!!!
- Mas ein? -Vanessa riu. - Fazer muita festa é terrível por causa disso. Chega uma hora que cansa. -ela disse e Zac lhe lançou um olhar de reprovação. Mas ela estava sendo apenas sincera!
Certo, Alicia havia combinado a pequena festa interna, para que ela pudesse se acostumar com os amigos de Zac - uma idéia muito idiota segundo Vanessa.
Ela não sabia se havia implicado com a festinha de Alicia por quê achava a idéia realmente idiota ou por que a noiva de Zac havia planejado. Os dois eram bons motivos para ela.
Vanessa não estava em seus melhores dias. Ela sentia que aquele era o último dia. Último dia de quê era o que ela queria saber, mas de qualquer forma, ela estava se sentindo aliviada. Não sabia se era por que tinha acabado de ler pela sexta vez seu livro tão amado "O retrato de Dorian Gray" [N/A: tenho uma obsessão imensa por este livro], ou por que aquela era uma sexta-feira. Mas um alívio imenso estava tomando conta de seu corpo. Não, não era felicidade. Ela estava longe de se sentir feliz.
Vanessa abaixou a cabeça e suspirou profundamente. É amanhã, ela repetiu aquilo para sí mesma. No dia seguinte ela afastaria de sua mente todas as possibilidades, chances e sonhos que habitavam em sua mente. Ela não se conformava, mas teria que aceitar. Era o único jeito.
Seus pensamentos estavam horríveis. A autora não estava conseguindo passar o que queria no momento [N/A: 8D]; mas Vanessa estava lá, aguentando todo aquele papo chato simplesmente por quê não podia discordar de nada. Mas ein? Ela teria que fingir gostar de tudo aquilo quando ela queria que todos explodissem? Na semana anterior ela havia aceitado tudo numa boa, mas pensando novamente... Era uma grande merda aceitar aquilo calada! Vanessa bufou e um sorriso sarcástico surgiu em seu rosto. Ela sentiu vontade de matar Alicia. Digo, quem aquela garota pensava que era para tirar o Zac de Vanessa assim? Ela lançou um olhar fulminante à Alicia e levantou do banco no quintal de Luan, entrando na casa e rumando para a porta.
- Vanessa!!!! -Luan, que estava na cozinha, a viu passar e foi atrás. - Pra onde você vai, garota?
- Quero respirar um pouco, chan. -ela sorriu amarelo pra ele e prendeu os cabelos. - Até outro dia.
- Até amanhã, no casamento. -Luan falou. Vanessa abaixou a cabeça e ergueu novamente.
- Não. Não vamos nos ver amanhã. -ela disse e sorriu mais amarelo ainda, saindo da casa do rapaz. Luan estranhou o comportamento da moça e foi até o quintal.
- Ei gente, por quê a Vanessa foi embora? -Luan perguntou confuso. Os outros se entreolharam sem entender e coçaram suas nucas.
- Ela foi embora?
- Foi sim. -Luan disse olhando para trás. - Acabei de falar com ela na cozinha, ela disse que precisava respirar.
- Eu vi quando ela saiu, mas eu pensava que ela tinha ido ao banheiro, ou coisa parecida. -disse Amy.
- Está escuro, gente! -exclamou Keith.
- Que mania que ela tem de sair à noite! -disse Gary.
- Pessoal, agora eu fiquei preocupada. -falou Selena. - O Keith tem razão, está escuro.
Eles ficaram calados por um instante e Luan disse:
- Ela também me falou que não vai ao casamento.
- Ai gente, fiquei arrepiada agora! -Amy disse passando as mãos pelos braços. Zac coçou os olhos e olhou para Gary, que fitava o chão.
- Não é melhor alguém sair para procurá-la? -Icaro propôs.
- Ela me disse que precisava respirar. -Luan disse.
- Que tal nós ligarmos pra ela? Saber onde ela está. -disse Amy. Gary achou a idéia um tanto quanto sensata e discou para Vanessa, mas ela não atendia.
Discou novamente, e ela tornou a não atender.
- Ela não atende. -ele disse desligando o celular. Zac pegou o seu e começou a discar para ela também. Alicia o olhou de esguelha, mas não disse nada.
- Nós não precisamos ir atrás dela. -disse Marcos. - Quero dizer, está escuro, eu sei, mas ela sabe muito bem o que faz. Se ela disse ao Luan que precisava respirar, é por quê precisa de um tempo sozinha.
Parando para pensar desse modo, Marcos tinha razão. Vanessa deveria estar precisando de um tempo.
Zac não concordava com aquela idéia. Os outros se aquietaram - Selena ainda estava muito preocupada, mas ela achou que Marcos estava certo. Zac tossiu e levantou frenético. Ele foi até a cozinha, tomou um gole de água e voltou. Ninguém falava nada. Ele não aguentou mais - levantou novamente e foi na direção da porta, iria procurá-la sozinho.
Ele pegou a carteira e a chave do carro, mas foi impedido de sair por uma voz suave que soou no cômodo:
- Você vai atrás dela, não é?
Zac se virou e deu de cara com Alicia. Seu coração deu um palpite no minuto em que a viu. A garota tinha uma expressão desconhecida até então por Zac... Era um misto de desconfiança com crença. Coisa esquisita. Ele andou até Alicia e balançou a cabeça afirmativamente.
- Sim. -Zac abaixou a cabeça e piscou algumas vezes. - Alicia, eu...
- Precisa me dizer algumas coisas. Não é? -ela perguntou. Zac ergueu a cabeça e fitou a moça. Agora ele reconhecia sua expressão. Era como se Alicia já soubesse de tudo. Era como se ela pudesse adivinhar todas as palavras que ele usaria.
Zac balançou a cabeça afirmativamente e suspirou.
- Eu vou... -ele começou, mas Alicia o interrompeu:
- Diga que vai parar de pensar nela! -exclamou. - Que vai viver comigo desejando estar comigo, diga isso! -ela pediu.
Mas o que era aquilo? Parecia mais que Zac estava passando por um teste. Um teste um tanto quanto cruel. Ele abaixou a cabeça num movimento rápido e ergueu novamente, sorrindo para Alicia. Um sorriso derrotado. E mais uma vez, ela parecia saber o que ele iria dizer:
- Não posso. -Zac disse simplesmente. - Eu estaria mentindo pra você.
A garota piscou algumas vezes e o estudou por um instante, esperando que ele falasse.
- A Vanessa foi minha primeira... Ela foi a primeira! -Zac exclamou. - Só houve você além dela, mais ninguém! E... acredita.... Que eu não sinto vontade de ficar com mais ninguém?
Alicia fechou os olhos. Talvez para absorver bem as palavras.
- Quando eu saí do lar, ela já tinha ido. E eu fiquei tão feliz por estar saindo de lá, mas tão feliz; que eu fiz planos! Eu juro, eu fiz planos para quando eu encontrasse com ela aqui fora! -ele disse e deu uma risada nervosa. - Eu procurei por ela incessantemente. Procurei, mas devo ter procurado errado... Pois quando eu menos esperava eu a encontrei. Em uma gráfica. -ele bufou e sorriu. - Mas... Eu estava decidido a achá-la. Porém eu não achei. E decidi que procurar mais só ia atrasar a minha vida. -Zac abaixou a cabeça e fitou os pés. - Eu me acostumei com a idéia de sair com outras garotas. Pra mim não havia acabado ali no orfanato. Para mim, continuava aqui fora! E eu achava que era nosso destino, já que ela saiu e logo depois eu saí também!
Alicia ouvia tudo atentamente, com a eterna expressão de quem já sabia cada palavra de Zac.
- Eu juro. -ele pegou nas mãos dela. - Eu só me comprometi com você por quê eu senti algo verdadeiro, entende? Eu achava que com você eu poderia sentir algo parecido com o que eu sentia por ela. -Zac suspirou. - Eu não teria tido algo com você, não teria sequer marcado casamento com você se eu não quisesse muito. Você foi tão boa pra mim quanto a Vanessa foi, Alicia. -ele disse acariciando a cabeça da garota.
- Não nos compare. -ela disse.
- Eu tentei conciliar tudo direitinho. Eu a encontrei depois de alguns aninhos! Mas eu já tinha você, eu não podia simplesmente terminar contigo, é crueldade! Mas chegou em um ponto em que o meu coração está falando mais alto que a minha consciência. -ele disse e beijou as costas da mão de Alicia. A mesma sorriu e passou suas mãos pelo rosto dele.
- Você também foi muito bom pra mim, Efron. Mas eu sabia, do momento em que eu vi a Vanessa, que não era comigo que você deveria casar. -ela disse, mas disse prendendo todas as suas lágrimas. - Eu a odeio por estar levando você pra longe de mim, Zac, mas... É o que você quer. Não é?
Zac sorriu compreensivo e abaixou a cabeça, sacudindo-a afirmativamente.
- Sim. -respondeu.
- Então vai lá. Por mim você não iria. Se dependesse apenas de mim... -ela sorriu. - Mas não sou eu quem decide o final dessa briga.
Zac envolveu Alicia em um abraço, apertado. Ela era muito especial para ele.
- Ver que você pelo menos me entende já é uma grande vitória. -ele beijou o topo da cabeça da garota e fixou seu olhar nos olhos dela. - Ei, uma parte de mim vai estar sempre com você, okay? Não esqueça disso.
Alicia balançou a cabeça e enxugou as lágrimas que desceram sorrateiras.
- O que nós vamos dizer para eles? -Alicia perguntou. Zac coçou a cabeça confuso e tossiu.
- Diga que o noivo fugiu. -ele falou e Alicia sorriu. Como Zac a fazia sorrir numa hora como aquela? - Eles vão querer me matar.
- Não vão. Eu não deixo. -ela disse e Zac lhe deu outro abraço. - Agora vai lá. Vai, vai garoto!
Zac sorriu e parou na porta, olhando a outra.
- Que foi? -Alicia perguntou.
- Obrigado. -Zac agradeceu. - Por tudo.
- Por nada. -ela respondeu com a voz pastosa.
Zac suspirou e saiu da casa de Luan. Não estava se sentindo bem por ter tido aquela conversa com Alicia. Ela não merecia isso. Mas ele não podia enganar a si mesmo. Não era justo com ele, não era justo com ela.
Alicia piscou algumas vezes e foi até o quintal, sem se preocupar com as lágrimas. Pegou sua bolsa e chamou Marcos a um canto.
- Me leva em casa? -ela pediu. Marcos franziu a sobrancelha e percebeu que a garota chorava.
- Onde está o Zac? -perguntou.
- Ele foi embora. -ela sacudiu a cabeça afirmativamente. Marcos abaixou a cabeça e sorriu levemente. Sabia qual o sentido real daquela frase. Zac havia tomado um rumo na sua vida. Que bom pra ele, pensou Marcos.
- E você? Como está? -ele perguntou à Alicia, preocupado.
- Eu vou sobreviver. -ela disse e sorriu. Ela tinha que aceitar. Zac não iria ser feliz se casasse com ela.

Vanessa estava sentada em um muro. Não um muro qualquer, mas o muro de um velho casebre marrom que era usado como esconderijo, quando ela estava no lar. Quando ela brigava com Zac, Vanessa pulava o muro do orfanato e um quarteirão dali, ficava o velho casebre marrom. Ela achava que aquele era um lugar bastante assustador à noite. Mas durante o dia era o lugar mais bonito de todos. Talvez por causa da árvore majestosa que ficava ali. Zac sempre a encontrava alguns minutos depois.
Ela havia saído da casa de Luan muito chateada. Por mais que ela tentasse se convencer, era realmente ridículo aceitar aquela situação e ficar amiguinha de Alicia. Além de ela ser uma garota ridícula, riquinha mimada e uma bela inútil que só servia de manequim para novos modelos de roupa e maquiagem, Alicia era sem dúvidas muito simpatiquinha. E Vanessa nunca gostou de gente mais simpática que ela.
Precisava respirar. E já havia decidido. Não iria ao casamento idiota dos dois.
- É assim que um homem deve ser. -soou uma voz. Vanessa olhou para o lado e viu Zac, com as mãos nos bolsos. Ela passou as costas das mãos sobre os olhos e desceu do muro. Idiotice ir pensar justo naquele lugar.
- Como disse? -ela perguntou. Zac se aproximou alguns passos e repetiu:
- É assim que um homem deve ser. -ele finalmente pôde olhar nos olhos de Vanessa. - Dedicido, porém, firme, forte e sensato.
- Belas palavras. Mas eu não estou a fim de ouvi-las. Guarde-as para alguém mais decidido, firme, forte e sensato. -Vanessa disse com a cabeça baixa.
Zac estreitou os olhos e deu mais alguns passos. Ela estava estranha.
- Hei Vanessa-chan, o que houve com você? -ele perguntou.
- Não me chame assim. -ela o olhou. Não estava com raiva. Só ficava chateada ao ver certas atitudes de Zac. Por quê ele fora procurá-la? - Você deveria estar em sua brilhante festa de despedida.
Zac abaixou a cabeça e sorriu.
- Não há mais festa de despedida. -ele respondeu. Vanessa abriu os olhos surpresa e respirou fundo.
- Não há? -perguntou.
- Não. -Zac respondeu. - O noivo fugiu para tentar reconquistar uma outra garota.
Zac sorriu e coçou a nuca. Vanessa abaixou a cabeça e sentiu sua boca tremer. Fugiu? Como assim? Será que ele estava... De repente, ela sentiu um frio, um vento suave que balançava seus cabelos sem desespero.
O garoto se moveu um pouco e ela ergueu a cabeça. Zac estava indo embora?
- Ei, menina. -ele disse antes de andar. - Quero muito te dar algo. Amanhã. Às duas da tarde. Aqui, neste mesmo lugar.
Ele estava marcando um encontro com ela? Mas o dia seguinte era sábado! E sábado era...
- Você vai casar amanhã, Efron. -ela disse tentando parecer firme e esconder sua insegurança. Tudo aquilo era muito estranho.
- Eu já te disse, garota. -Zac disse com os olhos fechados e o rosto virado para baixo. - Não vai mais ter casamento.
Ela arfava, sem conseguir entender o que era aquilo. Por que Zac estava sendo tão paciente? E por que ele estava dizendo que não ia mais casar? O que havia acontecido? Na verdade, o que estava acontecendo?
- Não... vai mais ter... casamento?
- Não. -Zac ergueu a cabeça e a encarou, com uns olhos firmes. - Preciso dar algo para você amanhã. Neste mesmo local, às duas. Por favor, venha. -ele disse e se virou totalmente, passando a andar.
Vanessa cerrou os punhos e os dentes. O que Zac estava querendo com aquilo?

A casa estava silenciosa aquela manhã. Era sábado, e era dia de reprise de anime na tv. Onde estava Gary? Ele nunca perdia as reprises de FMA [N/A: Fullmetal Alchemist]. Vanessa andou um pouco pelo corredor e desceu as escadas. Ainda estava muito sonolenta. Olhou no relógio de parede e viu que eram dez da manhã. Gary estaria na gráfica? Sim, ele estava lá. Ela havia ficado no dia anterior.
Vanessa comeu alguma coisa e entrou no banheiro.
Alguns minutos depois, ela estava inutilmente sentada na frente da tv, vendo as reprises de FMA que Gary deveria estar assistindo. Vanessa piscou algumas vezes com os olhos pousados sobre a tv. Na verdade, ela não estava assistindo. Não estava entendendo nada daquilo. Só sabia que um garoto loiro e um robô apareciam muito; mas não se preocupou em saber mais do que isso.
Ela bocejou e se deitou no sofá. Tinha presa na mente uma música suave que havia escutado na noite anterior. Assim que chegou em casa, Gary estava assistindo um de seus animes estranhos. Vanessa não falou com ele, pois sabia que Gary ia fazer muitas perguntas, então decidiu subir. A garota se aprontou para dormir e ao deitar, ouviu aquela música lenta, suave e incrívelmente bonita. Ela sentiu os olhos pesados e relutou. Mas acabou dormindo ao som da música lenta. E agora, a mesma musiquinha de anime não lhe saía da cabeça. Lembrando da música, ela sentiu-se sonolenta novamente... E adormeceu.
- HEY! -Gary chegou em casa fazendo barulho. - Vanessa! Eu queria mesmo falar com você! Mas agora não posso, tenho que tentar ver o final das reprises! Vanessa! Vanessa? Vanessa...! -Gary olhou para a garota dormindo no sofá e sorriu, ao ver que ela estava assistindo seus desenhos. - Você gostou? -ele perguntou para à garota adormecida. - Todo mundo curte FMA.
Vanessa se mexeu um pouco assim que Gary sentou no sofá ao seu lado.
- Okay. -ele deu alguns empurrões na garota. - Acorda. Acorda!
Ela murmurou alguma coisa e abriu os olhos lentamente. Vanessa se levantou e esfregou os olhos, vendo a tv ligada e Gary ao seu lado.
- Bom dia Vanessa-chan. -ele disse sorrindo. A garota estreitou os olhos e bufou.
- Baka. -ela resmungou. - Gary-nii-san! -bradou. - Precisava me acordar?
- Precisava sim oras. -ele disse. - Eu preciso te contar das fofocas de ontem.
- Eu já sei que eles terminaram de uma hora para outra. -Vanessa falou. Gary arregalou os olhos.
- Já sabe?
- É. Sei. Zac me disse. Aliás... Que horas? -ela perguntou preocupada. Gary molhou em seu relógio de pulso e disse:
- Duas e dez. Mas ein, como você já sabe?
- DUAS E DEZ? -ela berrou assustada. Lembrou-se do pedido de Zac. "Por favor, venha". Vanessa levantou e coçou a cabeça agitada. - TENHO QUE CORRER!
Ela subiu apressada e Gary ficou sentado no sofá, sem entender nada:
- Calma aí guria, onde você vai?
- Tenho que fazer umas coisas. -Vanessa disse simplesmente e desceu. - Tchau.
A porta fechou com um estrondo e Gary girou a cabeça, voltando a ver o anime. Onde ela teria ido?

Vanessa correu até o velho casebre marrom. Ela havia dormido e graças à Gary acordara bem em tempo. Se não fosse ele...
- Mas o quê...? -ela se perguntou chegando ao casebre e não encontrando Zac ali. Já eram duas e vinte e ele não estava ali? Mas ela havia se apressado pensando que estava atrasada!
Abaixou a cabeça dando uma risada desdenhosa. Será que Zac a tinha enganado? Dizendo que precisava lhe mostrar algo, e na verdade querendo apenas rir dela?
- Onde você está, Efron? -ela murmurou para si mesma. - Fale na minha frente.
Nesse ponto, ela já tinha certeza de que ele estava escondido, rindo da cara patética dela. Mas que opinião idiota. Por quê Zac faria isso?
- Eu não faria isso. -ela ouviu e se virou, vendo Zac descer da grande árvore que ficava ali. Vanessa sentiu uma pontada ansiosa na barriga e prendeu a respiração ao vê-lo se aproximar.
- Não faria? -ela perguntou. Que estranho. Foi tudo muito rápido. Ela acordou, percebeu que estava atrasada, correu até lá, se decepcionou ao não ver Zac, e agora ele pulava de uma árvore grande. Que esquisito. Parecia mais um daqueles animes fantasiosos que Gary adorava assistir. [N/A: Eu também sou fanaticamente viciada em animes ok].
- Eu não faria o que você estava pensando que eu faria. -ele disse sorrindo. Aquele sorriso.
Mas, como ele sabia o que ela estava pensando? Vanessa piscou algumas vezes e viu Zac chegar mais perto dela.
- Como? -ela perguntou novamente, sentindo-se patética. Zac riu achando graça na timidez dela.
- Olá, tudo bem?
"Agora foi", pensou Vanessa. O que ele estava fazendo? Ela precisava bater na cara dele e perguntar berrando: EI SEU BAKA, O QUE VOCÊ ESTÁ TENTANDO DIZER?!
- Tudo sim. -mas respondeu normalmente. Porém, ficou calada.
- Certinho. -ele falou. Zac tossiu e olhou para o céu. - Olha só... Que bonito.
Vanessa olhou para o céu e sorriu. Estava bem azul. As nuvens estavam bem limpas, brancas. E o sol não estava tão forte. Mas o quê ele pretendia olhando o sol? Ela continuou calada e Zac foi forçado a falar:
- Eu devo estar sensível... -disse. Ela o olhou, meio contrariada e esperou que ele terminasse. - Meu sobrinho estava vendo um desenho ontem quando fui para casa. E tocou um música muito triste. Não consigo tirar da cabeça. -disse. Vanessa se sentiu frágil de repente. Será que era a... Mesma música? - Eu me senti nostálgico.
- Impossível. -ela murmurou. - Eu também ouvi uma música de anime ontem. Bem triste, suave... E me senti da mesma forma. Me senti vazia... Meio em choque. -ela disse. Zac estreitou os olhos e sorriu.
Ele tirou um papel do bolso e desdobrou. Olhando para ela.
- Olha... Eu fiz umas modificações, mas... Marcos e Luan adoraram. Nós chamamos a música de 3AM. -ele entregou a ela um papel. Vanessa imediatamente reconheceu aquelas palavras. Era seu poema. Ela sorriu involuntariamente e abaixou a cabeça, dobrando o papel.
- Que bom.
- Vanessa. -ele disse percebendo a aflição dela. - Algo te incomoda, eu vejo.
Claro que incomodava. Ela estava maluca para perguntar sobre Alicia, mas não queria se mostrar tão interessada.
- É... É que eu fiquei com uma dúvida... -ela começou.
- Qual?
- Quando você disse... Que não teria mais casamento... Eu não entendi. -ela coçou a cabeça impaciente. - Muito confuso, por favor, me explique.
- Eu rompi com a Alicia. -ele suspirou. - Percebi que iria apenas ficar pior se casasse com ela. Ela não iria diminuir a minha dor, iria apenas fazê-la crescer.
Ao ouvir aquilo, Vanessa se sentiu forte. Talvez por Alicia ter sido insultada.
- Espero que você tenha tomado a decisão certa. -Vanessa disse sinceramente, abaixando a cabeça. Zac sorriu e passou as mãos pelos cabelos, indo até ela.
- Eu tenho certeza que tomei. -ele pegou no queixo dela com os dedos e levantou sua cabeça. - Eu precisava fazer isso.
- Fazer...? -ela perguntou sentindo-se ansiosa.
- Olhar nos seus olhos sem me sentir culpado. -ele falou sorrindo suavemente para ela. - Pensar em você sem me sentir culpado e te ligar sem me sentir culpado. -ele fez uma pausa, suspirou e terminou. - Ficar com você. Sem sentir culpa alguma.
Vanessa abaixou a cabeça e engoliu em seco. Estava tentando agir friamente ao que Zac estava dizendo, mas era impossível. Ele a encarava firmemente. Significava que ele estava decidido.
- Por quê você não me olha? -ele perguntou para ela.
- Por que eu não sei quando você fala a verdade. -Vanessa disparou.
- Bom, você pode saber agora. Olhe. Mas olhe bem. -Zac desafiou. Vanessa suspirou e ergueu a cabeça, olhando-o bem. - Okay, agora me diga se estou mentindo quando digo que... Seus olhos são adoráveis.
Vanessa sorriu ao ouvir aquelas palavras.
- Não. -ela respondeu. Zac sorriu e continuou:
- E me diga... Se eu estou mentindo... Quando digo... Que o céu é azul e os morcegos são pretinhos... Panranranranran! -ele cantou. Vanessa riu e respondeu novamente:
- Não, você não está mentindo.
O rapaz se aproximou mais dela e pôs uma de suas na nuca dela, encostando a boca no ouvido de Vanessa:
- Me diga que você está mentindo quando diz que não perdoa.
- Mas eu não disse que não te perdoaria. -ela indagou.
- Precaução. -Zac disse rindo. Vanessa riu e envolveu os braços no tronco dele.
- Estou mentindo. -disse.
Ele sorriu e a estudou por uns instantes. Ele parecia querer não tirar os olhos dela. A sensação era tão boa... Ele se sentia mais leve... Mais seguro. Era como se a simples presença dela fizesse todo o seu dia.
- Eu não sei como vai ser daqui pra frente... Os pais da Alicia vão me castrar, não sei o que pode acontecer... -ele disse passando os dedos pela bochecha dela. - Mas eu admito que procurei errado.
Vanessa franziu a testa confusa.
- Procurou errado?
- Sim. Eu deveria ter procurado você no centro da cidade. -ele disse e Vanessa caiu na risada, achando que aquele era o comentário mais idiota de todos.
- Gosh Zac, que horror! Péssima piada! -ela disse.
- Eu sei! Eu gosto de piadas idiotas. -ele disse sorridente.
Eles pararam de sorrir e voltaram a se olhar.
- Eu marquei aqui com você por que precisava saber se... Se você ia me evitar. -falou ele. - Você é a única com quem eu me vejo daqui há vinte anos.
Vanessa sorriu com aquele comentário e abaixou o olhar.
- Pensei que nunca mais ia ter você tão perto assim. -ela disse encostando a testa no peito dele.
- Eu também. -ele fechou os olhos e sorriu. Era aquele. Era aquele sentimento que ele tanto adorava. Aquilo que ele pensou que poderia sentir ao abraçar Alicia... Aquilo tudo que ele pensava que Alicia poderia suprir. Mas não, estava errado. Aquele era um tipo de sentimento que ele só sentia com Vanessa.
Ela, de repente, começou a pensar em certas coisas... Certas coisas meio estranhas, mas até significativas.
- Zac... -ela murmurou. - E agora?
- E agora?
- E agora? Digo, você terminou com a Alicia e está aqui, abraçado comigo. -falou ela. - Como esse episódio termina?
Zac suspirou e pensou... Como terminaria?
- Bom... Os Power Rangers aparecem e salvam todo mundo. Fim. -ele disse cômico. Vanessa mordeu seu braço e Zac soltou uma exclamação. - Maluca!
- Falando sério! -ela disse.
- Okay... Acho que... -Zac suspirou e lembrou de tudo o que havia acontecido desde que ele conhecera Vanessa, no maternal, até aquele dia. Era incrível! Como ele não enjoava dela? Por quê o que ele sentia por ela simplesmente não acabava? Certo, Vanessa foi seu primeiro amor... E talvez, o primeiro e único. - Nós ficamos aqui por um tempo.
Ele começou a acariciar os cabelos dela com uma mão, enquanto a outra deslizava pelas costas dela. Vanessa brincava com os cabelos de Zac, ouvindo o que ele dizia.
- Ficamos aqui?
- Sim. -respondeu ele. - Nós ficamos aqui e esperamos o próximo passo.
- E qual será o próximo passo? -a garota perguntou.
- Eu te beijo... -ele disse sorrindo. - Você me beija... E a história termina, como uma história comum, oras!
- É só isso? -ela perguntou. Zac balançou a cabeça afirmativamente e sorriu, encostando sua boca na de Vanessa suavemente. Ela fechou os olhos e envolveu os braços no pescoço dele.
Aqueles não eram os maiores amantes de toda a história. E nem aquele era o casebre mais velho de todos. E aquele sol não era o mais brilhante de todos, nem a história deles era a mais bonita.
Mas talvez, aquela história, fosse a mais verdadeira. Zac procurou por Vanessa e no último segundo, ele a encontrou. Talvez ele possa ter feito muitas coisas erradas, talvez tenha magoado profundamente Alicia e tenha vacilado algumas vezes com seus amigos, mas... Se Vanessa estava com ele, nada mais importava.
E era apenas isso que ele queria. Terminar aquela história que eles construíram juntos, ao lado dela.

~THE END~

Nenhum comentário:

Postar um comentário