quarta-feira, 15 de junho de 2011

"A year without rain" - Chapter 1

São Paulo, 1997.
- Mãe, o que há nessa caixinha? – Falara Bianca, seus olhos azuis brilhantes, encarando-a com um ar curioso. Tinha apenas 13 anos, tão doce, mas com uma curiosidade inquietante.
- Vou contar-lhe uma história, querida.

Barcelona, 1984.
- Vanessa... Ah, Vanessa! Quando será um pouco compreensiva com todos nós?
- Poupe-me com todo esse drama, mãe.
- Eu estou lhe pedindo. São só alguns dias! O que eu mais poderia ter feito?
Vanessa cruzou os braços, inconformada. A mãe suspirou revirando os olhos, já sem argumento algum.
- Tiro seu castigo.
- Fechado.

Vanessa e sua mãe, Vivian, não se davam muito bem, eram bastante diferentes. A visão do caráter humano de cada era um tanto desigual.
Vivian trabalhava em uma casa de reabilitação para pessoas especiais. Vanessa não admitia que sua mãe pudesse ser extremamente bondosa com todos, não que isso seja ruim, mas a tornava besta para certas coisas. Por dar confiança demais em quem quer que seja. Vanessa cria que a qualquer momento, se um mendigo lhe pedisse alguma moeda, ela o levaria para jantar em casa.
E então, esse dia que tanto temia chegou: Sua mãe trouxe alguém consigo.
Eis a seguinte explicação por decidir trazê-lo:
Vivian precisava levar algumas roupas para concerto. Estava um pouco irritada por uma briga besta que tivera com Vanessa mais cedo, então entrou na primeira casa avistada; havia um garoto como atendente fazendo algumas anotações, perguntou-lhe:
- Por favor, gostaria de saber quanto fica este montante.
Ele continuou com a cabeça abaixada, fazendo suas devidas anotações. Ele a fitou por um momento, curioso sem entender se estava realmente falando com ele.
- Sim, sim! Você mesmo. O que é?! Não pode falar?! – Ela empurrou seu braço.
Ele então a olhou, com um ar desentendido, fez um sinal de “espere” com as mãos e saiu. Ela já irritada, resmungou:
- Mal educado! Não poderia me responder?
Então, ela percebeu que todos a olhavam de olhos arregalados, censurando-a.
Voltou uma mulher mais velha, com um olhar sério:
- Algum problema, senhora?
- Vocês têm um atendente muito mal educado. Nem ao menos quis me responder.
- A senhora sabe onde está não? Esta é uma casa onde as crianças do orfanato Lírio do Vale nos ajudam. Zac é mudo, ele nunca poderá responder-lhe por mais que quisesse ajudar.
Vivian ficou pasma, sem saber o que dizer... Como poderia ter sido tão rude com uma criança? Nunca tinha passado por tamanho constrangimento. Pediu desculpas, acarretou suas coisas e saiu, sem qualquer reação.
Não dormiu aquela noite pensando no garoto, esperou amanhecer e voltou ao local perguntando pela senhora mais velha com o olhar sério. Ela compareceu.
- Voltou? O que quer?
-Você é a responsável pelas crianças? - Certamente. Por que a pergunta?
- Eu gostaria de adotar Zac. Sinto-me péssima pelo ocorrido, não conseguiria viver com esse peso na consciência. Preciso retribuir, e esse seria o mínimo que ele deve merecer.
- Como devo saber que posso confiar em você? Zac é um garoto muito especial. Nos dois sentidos. Tanto por ser “diferente” quanto por ser muito inteligente e bondoso.
-Eu moro aqui perto. Poderá visitá-lo e ver como está todos os dias. Ele poderá vir aqui, e continuar o trabalho se preferir. Apesar de não precisar, o que receber, claro, fica com ele.
- Zac precisa mesmo de uma família, ele já tem dezessete anos e ninguém nunca o adotou... Quando nasceu procedente de uma mãe pobre e viciada em qualquer tipo de droga, lícita, ilícita, permitida ou proibida; o deixou para ignorar as despesas que teriam por ser especial. Entretanto o entregou ao mundo, foi passado de mão em mão; tanto sujas quanto limpas, até chegar aqui. Graças a Deus, não sei o que seria dele hoje se não tivessem o mandado. Consequentemente chegou um pouco mais velho, os pais preocupam-se em procurar apenas por crianças novíssimas. Quanto mais crescem, mais vão perdendo as esperanças, coitadas.
- Oh, coitado... Mas então, dê-me esta chance! Por favor, Senhora... Fible, certo?
Nome estranho, Vivian pensou. Tanto faz.
- Sim, sim. Passe no orfanato as cinco desta tarde. Assinará alguns papeis, mas deixe para pegá-lo amanhã para poder se despedir das outras crianças. Oh, sentirão sua falta... Já estou até vendo, todas irão querer dormir com ele, no mesmo chão.
- Eu espero que dê tudo certo, em relação à minha família, e principalmente a nós dois.
E assim, Zac pôde finalmente dar um “Oi” ao seu novo lar.

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