quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Noite Virou Dia ~ Chapter 4

Gary e Vanessa viveram com April por três anos. Eles terminaram o terceiro ano e ingressaram na faculdade, que ainda estavam cursando. Permaneceram na faculdade e trabalhando na gráfica que April tinha. Gary tinha uma namorada muito bonita e simpática, a Roxane. E eles se gostavam bastante!
Vanessa não namorava ninguém. Não, não havia esquecido Zac e era bem impossível esquecer. Ela e Gary passaram três anos sem passar pela porta do St. Paul. Batia um certo remorso quando lembravam deles, mas esqueciam quando pensavam que aquela foi a escolha feita por cada um.
April se tornou tutora dos dois antes deles completarem 21 anos, por causa da justiça. Ela não poderia ficar com eles sem registrá-los como irmãos dela, pelo menos. E Vanessa e Gary foram adotados pela família de April, os Jordan. Foram adotados, o nome dos Jordan entrou nos registros deles, mas eles fizeram questão de não se desfazerem da única parte de seus pais que tinham - os nomes. Vanessa resolveu cursar química industrial na faculdade e Gary optou por design gráfico.
Era uma sexta-feira fria e bem comum pra eles. Vanessa saiu da faculdade e foi direto para a gráfica. Era o dia dela. Da última vez ela tinha se atrasado por que havia ido ver a amiga Madeline ensaiar no coral, mas a moça prometeu a April que não ia mais acontecer.
- Você fecha às seis hoje. -April disse pegando a bolsa, a chave do carro e indo até a porta.
- Por quê? -Vanessa perguntou confusa. Normalmente a gráfica fechava às dez.
- Por quê a xerox está precisando de uns consertos. Mais tarde o técnico vem ver e você precisa estar com a loja fechada. -ela explicou.
- Tudo bem então. Às seis. -Vanessa disse e April foi embora, mandando beijinhos.
Ela sentou no banco alto e encostou o cotovelo no balcão, esperando que as horas passassem. Ela não tinha nada de especial pra fazer àquela semana. Apenas as mesmas coisas. Faculdade, às vezes, uma saída com Madeline e Betsy, gráfica e só. Ela também adorava sair com Gary e April, era raro, todos eles andavam bem ocupados, mas quando aconteciam, eram as melhores saídas de todas.
- Oi, oi, oi. -Gary disse entrando na gráfica com seus óculos escuros enormes e o capacete da moto que ele tanto custou pra comprar.
- Mas olha, o que você está fazendo aqui? Não devia estar aproveitando que eu trabalho hoje? -ela perguntou dando um beijo na bochecha dele. Gary puxou um banco e sentou ao lado dela.
- Nam... -ele fez um barulho com a boca. - Eu não tenho nada pra fazer hoje. Roxy foi para a casa da tia-avó, sei lá. Ela tem que ajudar em algo, não entendi direito.
- Certo, aí você veio me encher a paciência?
- Creeeedo! -ele exclamou fazendo-a rir. - Você fala como se eu fosse um encosto!
- E não é?
Gary fez mais uma careta e Vanessa riu mais.
- Não, você não quer ajuda aqui? -ele perguntou.
- Sim, vai ser ótimo! Uma ajudazinha uhn?
- Beleza parceira! -eles espalmaram as mãos e riram.

Vanessa não tinha namorado, mas havia um rapaz completamente encantado por ela - infeliz, que nunca teve um minuto da atenção dela - Gary e April vivam empurrando Vanessa pra ele, dizendo que era um bom moço, que gostava dela e que era muito bonito.
Mas a moça recusava, dizia que ele era muito bobo pra ela, que ele tinha inteções sérias demais e ela não estava apaixonada por ele pra ter algo tão sério.
Gary e April insistiam dizendo que com o tempo ela gostava dele, mas não tinha santo que a fizesse gostar.
Jonathan Lewis era estudante de medicina e era o típico rapaz que qualquer mãe aprovaria para sua filha.
A Sra. Jordan os visitava toda semana, levando mimos e comidinhas para os três, dizendo que era desnecessário a moradia dos três ali. Ela alegava que tinha uma casa bastante grande para todos, mas April sempre dizia que preferia ter seus trinta e cinco anos e morar sozinha.
- Mamãe, não pega bem uma mulher aos 35 morar com os pais.
E a velha Sra. Jordan resmungava:
- Não estou falando com você sua mal agradecida, estou falando com os caçulas!
Mas Vanessa e Gary adoravam morar com April.
- Mas vocês ainda não têm 35!
- Temos quase isso.
- Só 20!
- Não adianta, mamãe. Eles também não vão morar com a senhora.
Era sempre assim. Mas no final das contas, a mãe sempre dizia que era melhor mesmo que eles morassem sozinhos e que ia ser uma falta de vergonha na cara que aos 20 e 35 anos eles ainda morassem com a mãe. Mesmo tendo sido ela a convidá-los.

- Não esqueça da contribuição para a nossa caixinha dos empregados... -Gary disse entregando o pedido do cliente. O homem balançou a cabeça e saiu sem colocar uma moedinha na caixinha. Eles o olharam abismados.
- Incrível como as pessoas são caridosas. -Vanessa resmungou olhando no relógio. - Seis horas. Melhor nós fecharmos.
Gary levantou e deu uma olhada na rua.
- Vamos esperar o técnico chegar. -ele disse.
- Ahhh naaaaaah! Naaah, naaaah, naaaah! Não quero mais atender ninguém, estou exausta. O dia hoje não foi dos melhores. -Vanessa resmungou.
- Credo, como você é cética! -Gary exclamou.
- Cética? Eu? Por que?!
- Você não acredita que alguém legal possa vir aqui?
Vanessa riu.
- Gary, fica calado. Você é bem mais interessante de boca fechada.
- Sua garota má! Incesto é pecado!
Ela estapeou ele.
- Eu digo que você é beeeeeeem melhor de boca fechada. -ela revirou os olhos. - Tadinha da Roxy.
Ele riu e a abraçou, mesmo com os murros.
- Também te amo parceira. -ele disse. - Mas então, vamos esperar o técnico ou vamos fechar?
- April mandou fechar às seis. Então, vou fechar às seis. -ela disse olhando no relógio novamente. - Olha aí, já são seis e quatro!
Vanessa correu pra porta e virou o lado da plaquinha, vendo alguém correr desesperado e dar de cara na porta. Ela virou pra trás e olhou pra Gary, que foi até lá ver o homem que havia se estatelado na porta.
- Abre a porta pro coitado! -o outro exclamou.
- Eu não! Senhor! -ela virou pra ele. - Já fechamos!
- Fecharam não, preciso muito de cola e tesoura, por favor, abre essa porta! -o homem tinha as mãos no nariz o massageando pela pancada.
- Mas que abusa... -Vanessa ia dizendo quando foi empurrada por Gary, que abriu a porta.
- Não custa nada atender ele!
- Mas já fechamos! -ela exclamou vendo o rapaz entrar. Ele tinha um cabelo... Estranho.
O homem levantou a cabeça e olhou pra ela, pronto pra responder alguma coisa, mas ele não disse nada.
- Oh meu Deus. -Gary exclamou virando o rapaz. Ele o conhecia... Conhecia sim. - Zac? Zac, é você?!
Vanessa deu uns passos pra trás e se encostou no balcão. Claro que era, ela reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar. O homem olhou de Gary, pra ela e dela pra Gary novamente.
- Garetth? Garetth Levine? -perguntou. Gary gargalhou e abriu os braços, berrando:
- Zac!!! Zac Efron!!! Caraaaca me dá um abraço aquiiii! -Gary puxou Zac e lhe deu um abraço forte. O outro ainda parecia estar perdido. - Rapaaaaz, você está... Diferente!
Gary deu uma boa olhada em Zac e no cabelo dele principalmente.
- E você! Rá! Você está parecendo um apresentador de tevê! -eles gargalharam. - Eu jurava que nunca mais ia te ver! Foram três anos...
Gary concordou com a cabeça.
- Três anos. -ele repetiu. Zac olhou para Vanessa, que ainda estava imóvel olhando pra ele. - Vanessa... Vanessa, é o Zac. -Gary disse como se quisesse acordá-la de algum transe. Vanessa piscou algumas vezes e se aproximou do outro. Mas... Mas era mesmo ele. Era Zac.
- Vanessa. -Zac disse sorrindo. Ela não pôde deixar de sorrir ao vê-lo sorrindo.
- Zac... Ai meu Deus, Zac! -ela o abraçou também. - Zac!
- Não acredito que vim procurar cola e tesoura e acabo encontrando vocês dois! -ele dizia sem acreditar. - Não... Não, mano... Não... Não acredito! Gary! Vanessa! -ele os abraçou novamente e eles riram.
- Que bom ver você! -Vanessa disse olhando bem pra ele.
- Muito bom te ver também. -ele parou o olhar nela e Vanessa sorriu involuntariamente.
- Seu cabelo! -Gary disse puxando a juba de Zac. - Quê isso!?
Eles riram.
- E como você... Como você está, você está bem? -Vanessa perguntou. Gary apontou um banco sobrando.
- Senta ali cara, vamos... Vamos conversar! -ele disse.
Zac aceitou sem hesitar. Ele estava atrasado, tinha coisas pra fazer, tinha pessoas o esperando, mas não ia perder a oportunidade de conversar com Gary e Vanessa.
Ele sentou.
- Então, como vocês estão? Assim, vocês saíram de lá e tal... -ele disse. Gary começou a falar:
- No mesmo dia, a gente conheceu a April... Que hoje é nossa irmã. -Zac abriu a boca surpreso.
- Não brinca!?
- Verdade! Essa gráfica é dela, a gente trabalhou aqui esses três anos. Nós concluimos a escola e estamos na faculdade... Assim, a mãe da April registrou a gente. -Vanessa disse contente. - E eu que achava que nunca ia conseguir uma família... Depois de dezessete anos.
- Vocês são irmãos agora?! -Zac perguntava empolgado.
- Éééé, irmãozinhos. -Gary disse e eles riram. - Mas e você cara? Como você saiu de lá?
- Fui adotado cara. -Zac disse normalmente. Vanessa e Gary se entreolharam.
- Adotado? Depois dos quinze? Mano... Quem ia te adotar depois dos quinze?
- Fui adotado aos dezessete mesmo. É meio complicado... -ele pigarreou. - Um casal de velhinhos, sabe? Os filhos deles não queriam que eles fossem pra um asilo, achavam que seria mais seguro se eles tivessem uma companhia, sei lá. Aí eles ficaram indo lá no lar, tipo, fazendo uns testes comigo, sei lá como foi aquilo. Vendo se os velhos se davam bem comigo. E deu certo, em um mês eu me mudei pra casa deles. E o melhor de tudo bicho, é que eles são ricassos. HAHAHA. -eles riram.
- São simpáticos? -Vanessa perguntou.
- São! Pessoas incríveis. Eles me colocaram em um colégio particular pra terminar o terceiro ano e me deixaram livre pra escolher se eu ia fazer uma faculdade ou se ia seguir outro tipo de carreira, sei lá. -ele disse. Gary e Vanessa estavam ouvindo concentrados. - Mas ainda no colégio, eu conheci dois caras muito incríveis, assim, conheci muita gente legal, mas eles dois foram os principais. E aí eu comprei uma Guitarra.
Vanessa piscou os olhos e Gary enrugou a testa.
- ?
- Mas ein? -Vanessa perguntou confusa. Zac riu.
- É. Nós temos uma banda. -ele disse. Vanessa sorriu.
- Banda? Jura?! Que irado! -ela exclamou.
- Qual o nome da sua banda? -Gary perguntou.
- Busted. -Zac disse com simplicidade. Vanessa abriu a boca.
- Ahhh! Ahhh, a Betsy adora a sua banda! -ela disse.
- Quem é Betsy? E, uau, uma pessoa que escuta o som da gente, que legal. Nós ainda não aparecemos no David Letterman e nem no Paul O'Grady. -Zac disse e eles riram.
- Betsy é minha amiga. Ela escuta muita música estranha, é normal. -eles riram.
Vanessa olhou pra Zac mais uma vez e ele devolveu o olhar. Não podia acreditar que depois de três anos, eles estavam conversando novamente. Talvez o destino deles não fosse ficarem longe.
- Gente, caaaara... Isso é tão legal. -Gary disse. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, alguém bateu na porta com força. Gary esticou a cabeça. - Ah, é o técnico.
Ele levantou e foi atender.
- Técnico? -Zac perguntou.
- É, o técnico. Ele vai consertar a xerox. -ela disse apontando a máquina. Zac parece compreender e coçou a nuca.
Ele estava querendo fazer um comentário não muito feliz, mas estava se segurando. Era a hora, Gary estava longe.
- Você... -ele começou e Vanessa virou para olhá-lo novamente. - Você não mudou nada.
Ela sorriu e disse:
- Bom, é uma pena que eu não possa te fazer o mesmo... Hum... Elogio? -ela disse passando por ele.
- Oh não! Não, volte aqui, eu não quis dizer o que você pensa que eu disse! Digo, eu quis dizer que você continua bonita... -ele pigarreou. - Você ainda é a mesma dos meus pensamentos, não mudou nada. O cabelo, os olhos... Está tudo do mesmo jeito.
Ela sentiu seu corpo todo estremecer ao ouvir aquele comentário - sem saber por que.
- Tudo como você deixou? -ela perguntou receosa. Zac balançou a cabeça afirmativamente a garota passou, indo até o técnico.
"Mexeu com ela..." ele pensou. "Mexeu sim, claro que mexeu". Zac coçou a cabeça nervoso e levantou.
- Preciso ir. -ele disse. Gary olhou do técnico pra ele.
- Já?! -perguntou ele decepcionado. - Poxa cara, você some por três anos e fica cinco minutos?
Zac sorriu:
- Quem sumiu foi você! -ele apontou o dedo pra Gary. Eles riram e Zac tocou no ombro do outro.
- Foi muito bom te ver cara. -eles se abraçaram. - Típicos abraços esmurrados.
- Não some de novo ein Efron?
- Quem sumiu foi você rapá! -eles riram novamente e Zac olhou pra Vanessa, que sorriu abrindo os braços para que ele a abraçasse. - Adorei ver você também.
- Também. -ela disse. Zac se afastou e olhou pra Gary novamente.
- Me dá o seu telefone! -ele pediu.
- Sim, sim, claro. -Gary pegou um panfleto qualquer em cima do balcão e rabiscou. - Aqui.
Zac pegou o papel e viu Vanessa dar instruções ao técnico de como ele deveria pegar a máquina e que a April não ia gostar se ele a arranhasse... Ele sorriu:
- Ei garota, eu vou indo. A gente se vê por aí. -disse.
- Vê mesmo? -ela perguntou.
- Pode apostar que sim.-ele abriu a porta e saiu por ela. Vanessa olhou pra Gary e foi até ele.
- Olha pra mim. -ela sacudiu Gary. - Olha pra mim!
O outro gargalhou e olhou:
- Tô olhando! Estou olhando pra você!
- Agora me diz. Eu estou com uma cara idiota? -ela perguntou. Gary riu novamente.
- Muito.
Vanessa sentou no balcão esperando que o técnico terminasse pra poder ir embora. Sabe, a idéia de ter acabado de falar com Zac era inacreditável. Zac foi a única coisa bem perto de uma família que ela teve por muito tempo. E como já foi dito, ela lembrava dele todos os dias.

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